São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
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Sobrevivência de empresas exige saltos competitivos

DA REPORTAGEM LOCAL

Para sobreviver em um mercado competitivo, com mudanças tecnológicas cada vez mais rápidas, as empresas não podem contar apenas com a implantação de um sistema de qualidade total.
Para surpreender a concorrência e ganhar "market share" é preciso dar saltos competitivos e deixar de lado a estratégia da melhoria contínua e gradual.
Esses saltos somente são possíveis com a introdução da reengenharia, que permite uma mudança radical nos processos de negócios da empresa e resultados expressivos em curto espaço de tempo.
"Tanto a qualidade total como a reengenharia são processos de mudanças, mas em ritmos diferentes. Podemos definir a reeengenharia como um processo de qualidade total em ritmo acelerado", explica o engenheiro e administrador de empresas Dino Mocsányi.
Presidente da Mocsányi Associados e ex-presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade, Mocsányi falou sobre o tema "Melhoramentos contínuos ou saltos competitivos: o que fazer", no ciclo de palestras "A Busca da Qualidade Total", promovido pela Folha.
Segundo Mocsányi, há dois ou três anos não se falava tanto em reengenharia ou saltos competitivos porque as pressões sobre as empresas eram menores. "A situação mudou. A abertura de mercado trouxe novos competidores e tecnologias", diz.
Ele conta que quando as transformações tecnológicas eram mais lentas –ocorriam em décadas ou anos– as empresas podiam melhorar seu desempenho com mudanças graduais, semelhantes "às manobras de uma esquadra naval".
Hoje, em um "ambiente empresarial instável", onde o ciclo de mudanças acontece em meses ou dias, é preciso agir como "uma esquadrilha de aviões", afirma.
Mocsányi faz uma comparação entre reengenharia e qualidade total e mostra que há grandes diferenças entre os dois sistemas.
A reengenharia propõe resultados drásticos no curto prazo e mudanças radicais nos processos de funcionamento vigentes. Se baseia na inovação e na quebra de paradigmas e exige forte liderança de cima para baixo. "É uma reinvenção do jeito de ser da organização", afirma Mocsányi.
Na qualidade total, o objetivo é obter resultados no médio e longo prazo. Busca melhorias contínuas e procura aperfeiçoar processos existentes. Exige o envolvimento de todos os funcionários.
Mocsányi afirma que a escolha do processo correto depende do tipo de empresa e de sua situação no mercado.
Ele diz que a qualidade total pode ser incorporada à estratégia da empresa quando há segurança em relação à participação de mercado, quando os concorrentes não são uma ameaça imediata e o ritmo da mudanças no setor é lento.
"Mas se é preciso ganhar mercado, surpreender o concorrente, conseguir um diferencial competitivo e as mudanças tecnológicas são muito dinâmicas, a saída é a reengenharia", afirma.
Segundo Mocsányi, algumas empresas conseguem combinar reengenharia e qualidade total. "É possível fazer reengenharia em alguns processos dentro da empresa e melhoria contínua em outros".
Ele afirma que os melhores resultados são obtidos pelas empresas que, após dar o salto competitivo, recorrem aos instrumentos da qualidade total para consolidar seus ganhos.

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