São Paulo, domingo, 6 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Setor privado tenta desregulamentar Japão

LINDA SIEG
DA "REUTER"

As empresas japonesas, desde bancos até o comércio varejista, estão pedindo a desregulamentação da economia nacional. Desta vez, pelo menos, muitos empresários japoneses e estrangeiros advogam a mesma causa.
Na sexta-feira, fontes do setor bancário disseram que os principais bancos comerciais japoneses levaram ao Ministério das Finanças uma longa lista de exigências de desregulamentação, para melhorar suas perspectivas de lucros.
Segundo Isamu Miyasaki, presidente do Instituto de Pesquisas Daiwa, alguns interesses nacionais estão exortando o governo a acelerar um plano de desregulamentação de médio prazo previsto para ser divulgado em março próximo.
Miyazaki foi um dos principais integrantes do conselho que assessorou o então premiê Morihiro Hosokawa sobre a questão da desregulamentação, no ano passado.
O governo quer introduzir medidas de desregulamentação num período de cinco anos, mas os defensores de mudanças mais rápidas propõem apenas três anos.
Desde que a coalizão reformista de Hosokawa pôs fim a quase quatro décadas de governo do conservador Partido Liberal democrático (PLD), em agosto de 1993, a desregulamentação tem sido um dos slogans mais repetidos nos meios econômicos e políticos.
Mas poucos avanços reais foram conseguidos na administração de Hosokawa. E, com o PLD de volta ao poder, ao lado de seu antigo arqui-rival, o Partido socialista, há dúvidas sobre até que ponto, e com que rapidez, a desregulamentação será implementada.
"Não acho que o gabinete de Tomiichi Murayama esteja desanimado com a desregulamentação", disse Miyazaki, cujo nome tem sido aventado pela imprensa para dirigir um grupo privado de assessoria do primeiro-ministro, a ser criado ainda este ano.
No início da semana, 63 indústrias japonesas de vários setores exortaram o governo a afrouxar as normas que regulam o levantamento de fundos empresariais.
A poderosa Keidanren (Federação Japonesa de Organizações Econômicas) está exortando o governo a dar mais ouvidos aos pedidos do setor privado por uma desregulamentação mais acelerada.
Mas, segundo empresários, a entidade avança com cuidado no setor financeiro. "Até agora a Keidanren tem evitado pedir a desregulamentação financeira, porque as financeiras filiadas temem uma possível reação do Ministério das Finanças", disse um empresário. "Mas tudo isso vai mudar."
A pressão deve crescer devido ao temor de que Tóquio esteja perdendo seu status de centro financeiro mundial, num processo de esvaziamento pelo qual negócios lucrativos se transferem a mercados menos controlados no exterior.
Enquanto isso, os parceiros comerciais do Japão intensificam sua ofensiva. Os EUA já deixaram claro que uma desregulamentação rápida e efetiva será um fator crucial para melhorar seu acesso aos mercados japoneses. Segundo funcionários do governo, o assunto será tema de conversações bilaterais no Japão, entre 14 e 16 de novembro.
A União Européia também adotou a bandeira da desregulamentação, entregando a Tóquio uma lista de 15 páginas de reformas comerciais desejadas.
Tradução de Clara Allain

Texto Anterior: The New York Times; The Hindustan Times; The Nation
Próximo Texto: Bancada dos democratas deve diminuir
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.