São Paulo, segunda-feira, 7 de novembro de 1994 |
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Exame revela se infeçcão na gravidez atinge o feto
JAIRO BOUER
A cordocentese –retirada de sangue através do cordão umbilical– e a colheita do líquido que envolve o bebê dentro do útero (líquido amniótico) são as novas ferramentas dos médicos. A partir do material coletado é feita uma pesquisa que revela se o agente que causou a infecção na mãe conseguiu atingir o feto. Rita de Cássia Sanches, especialista em medicina fetal da Clínica Fetus, explica que as infecções que mais preocupam são a rubéola, a toxoplasmose e a infecção pelo citomegalovírus (CMV). Na maior parte das vezes, essas infecções acontecem durante a gestação sem que a mulher apresente qualquer sintoma. Segundo Rita, o único meio de saber se a futura mãe se contaminou é a colheita de exames de sangue conhecidos como sorologias. A sorologia identifica a presença de anticorpos (defesas do organismo contra os agentes causadores das infecções). Para cada infecção, existe um tipo de sorologia. O melhor é que a mulher se submeta a esses exames antes de engravidar. Quem tem sorologia negativa (sem anticorpos) pode contrair infecções na gestação. Se a mulher engravidou sem colher os exames, é importante fazer as sorologias logo no início do pré-natal (no primeiro trimestre). Com os dados, o médico pode checar os riscos que a mulher corre e explicar como se prevenir. A mulher com sorologia positiva tem anticorpos contra a doença. Através das frações dos anticorpos é possível saber se a infecção é antiga ou se foi adquirida na gestação. Anticorpos "antigos" protegem a mulher de novas infecções. Se a infecção foi adquirida na gestação, o feto também pode se contaminar. O ultra-som é o único recurso que pode ser usado inicialmente para saber se houve sequela (como malformações) no feto. A partir do quinto mês de gestação –quando o sistema imunológico do feto já produz seus anticorpos– é feita uma pesquisa de sorologias diretamente no sangue fetal através da cordocentese. Se o resultado dessa sorologia é negativo, o feto não se infectou e está fora de risco. Se for positivo, ele se contaminou e precisa ser acompanhado por um especialista. Nesses casos, o ultra-som continua a ser usado ao longo da gestação para checar a evolução do feto. A cordocentese traz alguns riscos. Pode haver ruptura da bolsa e diminuição temporária da frequência dos batimentos cardíacos do bebê. O risco de aborto é de 1%. No Brasil, o pré-natal com perfil sorológico completo é realizado apenas por obstetras da medicina privada. Texto Anterior: Justiça quebra sigilo bancário de 5 mulheres Próximo Texto: 'Tive medo que meu filho nascesse com defeito grave' Índice |
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