São Paulo, segunda-feira, 7 de novembro de 1994
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Parmalat vai produzir leite na África e China

MARISTELA MAFEI
ENVIADA ESPECIAL A PARMA

A holding Parmalat Finanziaria se prepara para invadir a China e a África, menos de um ano depois de ter iniciado a produção de leite nos Estados Unidos.
O grupo abre sua primeira fábrica em solo chinês agora em dezembro. Na África, onde a empresa além de produzir leite também vai engarrafar água mineral, a chegada está prevista para o primeiro semestre do ano que vem.
Os planos da empresa não param por aí: nos próximos três meses, os executivos da Parmalat vão apresentar os números da gigante do leite a investidores de São Paulo e Nova York. Na Itália, seu capital já é aberto.
As duas cartadas têm por objetivo a concretização de um sonho frequente do chairman da Parmalat, o italiano Calisto Tanzi: transformar a empresa na primeira marca mundial de leite pasteurizado.
Para apresentar o leite como marca mundial, e tirar do produto o estigma de matéria-prima regional, Tanzi auxiliado pelo executivo Domênico Barili, investiu no patrocínio de times de futebol pelo mundo afora.
São sete times bancados pelo grupo na Europa e na América do Sul: Palmeiras (Brasil), Boca Junior (Argentina), Pe¤arol (Uruguai), Parma (Itália), Benfica (Portugual), Dínamo (Rússia) e Parmalat S.C. (Hungria).
O objetivo é manter fortes ligações culturais com o país onde o leite é produzido.
Dessa forma, nos países onde ela mantém fábricas e financia clubes, boa parcela da população acredita que a empresa é nacional.
Esse é um dos motivos que levam Tanzi a ouvir perguntas do tipo "como está o tempo no Brasil?", quando desce no aeroporto de Paris e encontra brasileiros que ouvem falar que ele é o "dono" da Parmalat.
Tanzi começou a revolucionar o conceito de leite (antes identificado como prestação de serviço) aos 21 anos, quando herdou uma fábrica de derivados de carne em Parma, norte da Itália.
"Quando ia entregar os presuntos os clientes pediam para eu vender leite também. Decidi encontrar um modo de comercializar leite em grande escala", afirma.
O primeiro passo estava dado. O segundo veio ainda na década de 60, quando contratou os serviços do publicitário Domênico Barili.
Barili, estudioso de marcas, se encarregava da publicidade da Parmalat com a mesma paixão que dedicava a discutir estratégias para fazer a empresa vender mais.
Hoje, Barili trabalha no fortalecimento da marca em todos os segmentos; da utilização do marketing do futebol à reconfiguração acionária da empresa.
Para viabilizar o transporte do leite a longas distâncias sem que o produto se deteriorasse, Tanzi buscou na Suíça um sistema de empacotamento que começava a engatinhar na década de 60, o tetrapack.
"A embalagem em tetrapack caiu feito uma luva; nada melhor do que o papel para se colocar uma marca", afirma Barili.
Para baratear a utilização da embalagem, a Parmalat entrou no setor de chás, sucos e derivados de tomate, todos em caixinha.
As linhas de queijos, iogurtes e manteigas, surgiram para agregar valor ao leite.
Uma terceira ramificação é a linha de forno, que abrange itens como bolachas, pizzas e macarrão. São produtos complementares, que têm ligação com os derivados de leite e de tomate.
Tanzi e Barili querem diversificar ao máximo a linha de produtos da Parmalat, dentro do tripé leite/derivados/forno.
Eles estão convencidos de que os anos 90 marcam a "década da produção".
"Antes era importante produzir de qualquer maneira; agora temos que descobrir uma maneira tecnologicamente diferenciada, exclusiva, com qualidade e custos competitivos", resume Tanzi.

A jornalista MARISTELA MAFEI viajou a Parma (Itália) a convite da Parmalat.

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