São Paulo, segunda-feira, 7 de novembro de 1994 |
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Tráfico pára aulas em colégio carioca
SANDRO GUIDALLI
Os tiroteios mudaram o rotina dos alunos. Os adolescentes tiveram as aulas paralisadas e agora vão ter que estudar até o Natal para não perder o ano. Eles vão completá-lo dentro do prédio da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), onde não terão espaço para aulas de educação artística e educação física, nem condições de aproveitar o recreio. A estudante Luana Sergipense de Oliveira, 16, aluna do primeiro ano do segundo grau do Aplicação, já presenciou um assassinato dentro da escola em 89. Ela avalia como "excelente" a interdição do prédio do colégio, porque não aguentava mais conviver com o barulho dos tiros e a falta de infra-estrutura das instalações. Desde a semana passada, Luana está em casa, esperando até que a transferência do Aplicação seja concluída. "Os traficantes avisaram que eles eram os donos do morro e que o espaço era deles e acabou", conta Luana. A maioria das salas de aula do Aplicação fica distante apenas três metros do começo do morro do Turano e os alunos são alvos fáceis. Moradora do Méier (zona norte), Luana já foi assaltada quatro vezes, mas atribui à polícia os problemas que ela e os amigos estão enfrentando. "Acho necessária uma reformulação completa na polícia. Eles sobem o morro para atacar os traficantes mas acabam matando inocentes. Alguns também fazem parte do tráfico", diz. Ela vê a intervenção das Forças Armadas no combate ao crime no Rio com reservas. "Eles precisam trabalhar sigilosamente, mas não gosto de milico, não", diz a garota. Texto Anterior: Dê um tempo ao seu corpo Próximo Texto: Estudante circula em favela Índice |
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