São Paulo, segunda-feira, 7 de novembro de 1994
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Tarcísio Meira diz que odeia Raul Pellegrini

Ator discorda dos protestos da comunidade negra

DA REPORTAGEM LOCAL

"Raul Pelegrini é o personagem mais nojento, mais abjeto, mais execrável, mais desprezível que já interpretei."
Quando fala sobre o vilão de "Pátria Minha", o ator Tarcísio Meira, 59, abandona o tom diplomático que os galãs da Globo costumam usar para tourear jornalistas.
"Odeio Raul Pelegrini. Eu o abomino profundamente. Só aceitei fazê-lo para me exercitar como ator. É difícil interpretá-lo, não me dá o menor prazer. Prefiro viver personagens mais positivos."
Tarcísio conta que "sofreu muito" durante a gravação das cenas em que insulta o jardineiro Kennedy.
"Fiquei com pena do rapaz, um ator jovem, simpático, talentoso. Um doce de pessoa. Mesmo sabendo que se tratava de ficção, tive dificuldades para lhe dizer aqueles absurdos."
Em 35 anos de carreira, Tarcísio contabiliza uma longa galeria de vilões. "Sempre que faço uma novela ou minissérie, o público costuma me tratar nas ruas pelo nome do personagem que estou interpretando. Agem assim até quando não encarno o mocinho da trama. Só uma novela fugiu à regra: 'Pátria Minha'."
O ator diz que, por enquanto, nenhum fã o chamou de Raul Pelegrini. "Sinto que evitam usar o nome do canalha para não me ofender."
Tarcísio discorda dos protestos da comunidade negra contra "Pátria Minha".
"O discurso racista de Pelegrini é tão brutal, tão sem lógica, que acaba provocando um efeito oposto. As pessoas se chocam com aquelas bobagens e tendem a sair em defesa das vítimas."

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