São Paulo, segunda-feira, 7 de novembro de 1994
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Tumba dos Patriarcas vai ser reaberta hoje

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A Tumba dos Patriarcas, santuário fechado desde que um colono judeu massacrou 29 muçulmanos em fevereiro, vai ser reaberta a partir de hoje.
O gabinete israelense aprovou ontem por unanimidade a reabertura, proposta pelas Forças Armadas, que reestruturaram o esquema de segurança no local.
A Tumba dos Patriarcas, ou mesquita de Ibrahim –onde segundo a tradição estão enterrados Abraão, Isac e Jacó, com suas mulheres–, fica em Hebron (na Cisjordânia) e é um local sagrado para muçulmanos e judeus.
A partir de agora, cada religião terá uma entrada especial e não haverá contato dentro do santuário. E, por incrível que pareça, só agora passou a ser proibido o uso de armas no local.
Também será limitado, por tempo indeterminado, o número de fiéis no santuário, para menos de 300 judeus e menos de 300 muçulmanos por vez.
O prefeito de Hebron, Mustafa Natshe, criticou as novas medidas de segurança na mesquita. Vemos isso como uma espécie de violação dos direitos humanos e dos direitos dos muçulmanos, disse.
Orit Struch, um dos 450 judeus que vivem em encraves fortificados em Hebron, também criticou a restrição ao acesso à Tumba: A caverna é ligada a todo o povo de Israel... e só ao povo de Israel.
As medidas são uma resposta ao morticínio provocado pelo colono Baruch Goldstein em 25 de fevereiro.
Goldstein, um dos 4.500 colonos judeus do assentamento de Kiryat Arba, vizinho a Hebron, entrou na mesquita e disparou com fuzil automático contra uma multidão de muçulmanos ajoelhada.
Ele foi alcançado e morto pelos sobreviventes. Uma comissão de inquérito israelense chegou à conclusão de que ele agiu sozinho.
O massacre foi o mais sangrento ataque contra árabes na Cisjordânia desde o início da ocupação israelense, em 1967.
Suspendeu por semanas o diálogo de paz entre palestinos e israelenses e provocou uma série de atentados de vingança, o último dos quais uma ataque-suicida com uma bomba num ônibus de Tel Aviv, no mês passado, assumido pelo grupo islâmico Hamas.
Um porta-voz do Hamas declarou ontem que o grupo está disposto a parar de atacar civis, se Israel desistir de matar palestinos. Manteria, no entanto, ataques a alvos militares.
O chanceler israelense, Shimon Peres, disse que o único diálogo possível com o Hamas é o da violência. Até agora, eles só falaram conosco com rifles. Que tipo de diálogo você pode ter com rifles?
Em Amã, o Parlamento da Jordânia ratificou ontem o tratado de paz com Israel.

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