São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Servidores pedem reindexação

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As pressões pela volta da indexação de preços e salários, consideradas pelo governo uma das principais ameaças ao Plano Real, estão se intensificando entre os servidores públicos e de estatais.
Os sindicatos de servidores das maiores estatais federais, com data-base até o final do ano, decidiram colocar a correção mensal de salários entre os principais itens de suas pautas de reivindicações.
No caso dos bancos federais, esse pleito já consta das ações de dissídio coletivo analisadas no momento pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho). O julgamento dos dissídios deverá ocorrer no próximo dia 21.
Os funcionários do Banco do Brasil, CEF (Caixa Econômica Federal), BNB (Banco do Nordeste do Brasil) e Basa (Banco da Amazônia) reivindicam reajuste mensal de seus salários pelo IPC-r.
Os eletricitários –que compreendem servidores da Eletrobrás, Eletronorte e Furnas com data-base em novembro– também negociam com suas empresas a correção mensal dos salários pela inflação integral.
Com data-base em 1º de novembro, os eletricitários querem que os reajustes mensais sejam calculados com base no ICV-r do Dieese, ligado aos sindicatos.
Em outra estatal de grande porte, a Telebrás, o sindicato dos telefônicos defende que a cada três meses sejam abertas negociações salariais para repor perdas geradas pela inflação. A data-base da categoria é em dezembro.
Fechando o leque de pressões, é praticamente certo que os servidores do Executivo, do Legislativo e do Judiciário também reivindiquem a correção mensal dos salários a partir da data-base (janeiro).
Todos os sindicatos envolvidos nas reivindicações são filiados à CUT e bombardearam o Plano Real porque apoiaram a candidatura presidencial de Luís Inácio Lula da Silva (PT).
Mas agora, além do fator político, há razões econômicas concretas para justificar a pressão pela indexação salarial: a inflação está na casa dos 3% ao mês, o equivalente a 42,5% ao ano.
O Plano Real estabeleceu que os salários seriam corrigidos anualmente pelo IPC-r.
Tal mecanismo, porém, só é viável em cenários de inflação muito baixa, em que os salários não percam tanto de seu poder aquisitivo.
Outras categorias importantes, como os metalúrgicos, químicos e os petroleiros, também reivindicam a correção mensal dos salários, inclusive com greve.

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