São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Motoristas ameaçam parar ônibus hoje

DANIEL CASTRO; ALESSANDRA BLANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 3,5 milhões de paulistanos podem ficar sem transporte a partir de hoje. Motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo decidiram ontem à tarde entrar em greve a partir da 0h de hoje.
A greve pode fracassar em algumas regiões da cidade porque os líderes estão divididos. É que o sindicato da categoria está em processo eleitoral –de amanhã até sexta-feira ocorre o segundo turno das eleições.
A greve foi decidida em assembléia com cerca de 1.000 trabalhadores, segundo o sindicato, em uma categoria que congrega 40 mil profissionais só na capital.
Entre os trabalhadores que estavam na assembléia, a maioria apóia a chapa 2, que faz oposição à atual diretoria. Por isso, a greve pode fracassar caso não haja adesão dos integrantes da chapa 1.
Os motoristas e cobradores reivindicam a reposição de perdas acumuladas no Plano Real. Isso equivale a aumento de 15,67%, referente ao IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em real) acumulado de julho a outubro.
Sergio Pavani, presidente da Transurb (sindicato das empresas de ônibus) disse que a greve é "totalmente inoportuna e política".
Segundo ele, as empresas não podem atender a reivindicação da categoria, a não ser que o aumento seja repassado para a tarifa paga pelo usuário.
O presidente da CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos), Francisco Christovam, considerou a greve política, motivada pela disputa eleitoral.
A CMTC entrou ontem com uma medida cautelar no Tribunal Regional do Trabalho, pedindo a convocação de 50% dos motoristas e cobradores para trabalhar hoje.
Como não recebeu retorno até as 20h, a CMTC orientou os empresários a convocarem 50% de seus funcionários sob ameaça de serem punidos, caso seja expedida a determinação jurídica.
Também será colocado em prática um plano de colaboração entre as empresas de transporte.
O Metrô, apesar da "greve tartaruga", deve reforçar o número de trens no horário de pico (leia texto abaixo). Os trens da CPTM (Companhia Paulista de Transportes Metropolitanos) terão reforço.
As linhas intermunicipais e os 800 ônibus clandestinos regulamentados poderão seguir até o centro.
(Daniel Castro e Alessandra Blanco)

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