São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Grávida de 7 meses fez aborto na Unicamp

LUCIANA CAMARGO
DA FOLHA SUDESTE

Erramos: 11/11/94

Diferentemente do que foi publicado nesta edição, a data do aborto realizado pela comerciante Dulcinete Sateli na Unicamp é 26 de julho e não 23 de julho.
A comerciante Dulcinete Sateli, 23, confirmou à Polícia Civil de Campinas (99 km a noroeste de SP) ter autorizado a prática de um aborto em 23 de julho no Caism (Centro de Assistência Integral à Saúde da Mulher), órgão ligado à Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
O aborto, de um feto com sete meses de gestação, foi feito através do remédio Cytotec, que provoca contrações uterinas.
A Unicamp confirma o aborto, que teria sido feito porque a mãe corria risco de vida (leia texto ao lado).
Segundo o ginecologista Eduardo Lane, de Campinas, a gravidez no sétimo mês permite, caso o feto tenha mais de 500 gramas, um parto cesariano e a tentativa de manutenção da vida do bebê em incubadora. A Unicamp não informou o peso do feto.
O depoimento de Dulcinete faz parte do inquérito policial que investiga prática de aborto em fetos malformados sem chances de sobrevivência, considerada ilegal pelo Código Penal, no Caism.
A informação de que esse tipo de aborto acontece partiu do próprio diretor do Caism, Aníbal Faundes.
No caso de Dulcinete, o aborto seria considerado legal, porque a mãe corria risco de vida.
Sua aprovação dependeu de um parecer favorável do Conselho de Ética do Caism e de uma autorização da mãe, ambas obtidas.
Dulcinete disse à polícia que, em junho, procurou o Caism porque estava com sangramento e perdendo líquidos.
Ela confirmou que ficou internada e que os médicos disseram que ela havia perdido o líquido amniótico e por isso a criança "teria problemas".
Depois de receber essa informação, Dulcinete disse que autorizou o aborto.
O delegado-assistente da Seccional de Campinas, José Almeida Sobrinho, disse que, por enquanto, não deve haver o indiciamento da comerciante ou de Faundes.
"A legislação é atrasada e eu preciso de laudos técnicos para saber se um feto sem a menor chance de sobreviver fora do útero da mãe pode ser considerado 'uma vida'. Se não for, não existe crime."
Ele disse que estes laudos devem ficar prontos em 15 ou 20 dias.

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