São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Megalomania

FÁBIO SORMANI

Jamais temi pela greve na NBA. Por isso, nunca achei o tema relevante. Dizia sempre isso a amigos e leitores. Pressionado que fui por eles, acabei escrevendo neste espaço das terças, há três semanas.
Acertei na mosca, o campeonato começou na sexta-feira passada. Lendo a "Newsweek" deste final de semana fiquei mais convencido ainda de que NBA e crise dificilmente andarão de mãos dadas.
A revista traz Shaquille O'Neal na capa, com um globo terrestre na mão, e uma reportagem abrangente sobre os planos de David Stern (o presidente da liga) para o futuro: transformar o basquete (leia-se NBA) no esporte número 1 do planeta até o ano 2000.
Quando assumiu a liga, na metade da década passada, Mr. Stern a viu associada a jogadores drogados, times falidos e atletas mal pagos. Além disso, seus jogos, apenas os decisivos, diga-se, eram mostrados –nem sempre ao vivo– para cerca de 40 países.
Nem mesmo os EUA reverenciavam o basquete. Em seu livro ("Minha Vida"), Magic Johnson conta que seu pai não pôde ver pela TV a conquista de seu primeiro título com os Lakers, na temporada 79/80, porque o jogo não teve transmissão ao vivo para os EUA!
Hoje, as partidas da NBA são mostradas, sempre ao vivo, para 140 países, os clubes não são mais deficitários –na temporada passada o lucro médio de cada equipe foi de US$ 45 milhões– e os jogadores se transformaram em milionários cidadãos.
No início da década passada, uma franquia na NBA custava em média US$ 10 milhões. Hoje, está na casa dos US$ 150 milhões.
O próximo passo é expandir a NBA para o mundo.
No campeonato 95/96, dois times do Canadá estrearão na liga. Talvez na temporada 96/97 chegue a vez do México, que, aliás, terá um time (Mexican Aztecs) no próximo campeonato da CBA, a outra liga profissional dos EUA, que serve de laboratório para a NBA.
Depois dos vizinhos Canadá e México chegará a vez da Europa e do Japão. A NBA já ceva europeus e asiáticos: 1) Nesta "pre-season", como já aconteceu na anterior, alguns amistosos de equipes da NBA foram disputados na Itália, Espanha e França, com ginásios lotados; 2) Nos últimos cinco anos, pela terceira vez a temporada começa com um jogo no Japão, desta vez em Yokohama.
Pode ser que os planos de Mr. Stern sejam megalômanos. Mas, se isso for sinal de megalomania, eu também sou megalomaníaco.

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