São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Quignard narra amor adolescente na França ocupada

pelos americanos

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

"L'occupation Américaine" ("A Ocupação Americana"), o último livro de Pascal Quignard, já é sucesso de vendas na França e estreará em breve no cinema.
Quignard, 46, é romancista e ensaísta. Seu principal sucesso foi "Tous les Matins du Monde" (1991), grande êxito em sua adaptação para as telas, com Jean-Pierre Marielle e Gérard Depardieu.
O filme ganhou, em 92, os Césares (o oscar francês) de melhor filme, melhor diretor e melhor atriz coadjuvante (Anne Brochet).
"L'occupation Américaine" é a história de um casal de adolescentes franceses nos anos 50, cujas vidas são transformadas pela instalação de uma base militar norte-americana –um período esquecido na história francesa.
"A presença norte-americana foi quase totalmente enterrada ou esquecida. A história também deveria assumir o papel de contar o desagradável", analisa Quignard.
O romance se baseia nas lembranças de juventude de Alain Corneau, diretor de "Tous les Matins du Monde", e na versão de "L'occupation Américaine".
O lado "cinematográfico" é sensível no livro, como na cena em que Patrick, um dos
protagonistas, entra pela primeira vez na base que tanto o fascina.
"Buddy Holly cantava a plenos pulmões: 'Shame!'. Sobre o alto-falante de papelão cinza do toca-discos havia um grande calendário hollywoodiano representando Ava Gardner..." O leitor já imagina a adaptação no cinema.
Quignard diz que não escreve pensando nas adaptações de seus livros: "Sinto-me ao mesmo tempo muito orgulhoso, muito curioso e muito indiferente".
Patrick e Marie-José, sua namorada desde os 6 anos, esquecem suas juras de amor eterno sob influência do contato com os "ocupantes" norte-americanos.
Ela se torna amante de um sargento, enquanto ele é atraído pelo jazz e pela filha de um tenente.
Um dia, as tropas se retiram, mas nada será como antes. "A adolescência não é uma idade ingrata: é um pesadelo", define o autor.
O livro foi bem recebido pela crítica francesa. O jornal "Le Monde" o comparou a "Tous les Matins du Monde": "Mais que uma continuação, trata-se de uma variante".
"O livro também é uma lição de história, mas a tal ponto habitada por presenças individuais que a lição parece bem discreta. O que não a impede de iluminar nosso presente", elogiou "Magazine Littéraire".

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