São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994
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Crise marca meio dos anos 70

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Forte concorrente ao posto de pior disco dos Stones, "Black and Blue" (76) marca a entrada do guitarrista Ron Wood (ex-Faces e Jeff Beck) na banda. Wood substituiu Mick Taylor, que abandonou o barco depois do lançamento de "It's Only Rock'n'Roll". É também um dos ápices da crise de criatividade que se abateu sobre o grupo em meados da década de 70. Não é culpa de Wood, um guitarrista tecnicamente inferior a Mick, mas que ainda não estava efetivado na
banda.
"Black and Blue" não tem unidade. Como compositores, Mick Jagger e Keith Richards atiram para todos os lados e não acertam em nada. O disco abre com a dançante "Hot Stuff", com uma guitarra bem funkeada. Tem uma balada melosa chatérrima,"Memory Hotel", e um blues despretensioso com jeito de jam, "Melody", onde se destaca a participação do pianista Billy Preston. Dois flertes com o reggae, "Cherry Oh Baby" e "Hey Negrita", mostram que a Jamaica não é a praia desses britânicos.
Não há nada que os fãs mais criteriosos se lembrem com entusiasmo. Há quem ache que a única coisa boa do disco é não ter nenhuma música com Keith Richards no vocal solo. Como se o resultado final não bastasse, a turnê do disco resultou em "Love You Live" –o pior ao vivo dos Stones.
No trabalho seguinte, "Some Girls"(78), o grupo se reabilita. Mas só um pouco. Na capa, os Stones aparecem como drag queens "avant la lettre". O disco abre com um hit dançante, "Miss You", e segue com a pauleira de "When the Whip Comes Down". Tem uma regravação um pouco mais acelerada de "Just my Imagination (Running Away With Me)", que não deve nada à versão dos Temptations.
Mas o ponto alto do disco é a lenta "Beast of Burden", com seu ritmo cheio de suíngue. Há escorregões, como quando a banda resvala no country em "Far Away Eyes". Mas nada que se compare ao naufrágio de "Undercover"(82).

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