São Paulo, terça-feira, 8 de novembro de 1994 |
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'Sticky Fingers' é auge da banda
LAG
As razões da escolha, porém, seriam controversas. Alguns atribuem ao guitarrista Mick Taylor a alta densidade do som da banda. Taylor, que havia trabalhado com o "bluesman" inglês John Mayall, ingressou na banda em 5 de julho de 1969, três dias depois da morte de Brian Jones por overdose. Bem-comportado e antidrogas, Taylor segurou o som do grupo num momento de desregramento. Nos dois discos, contou com os metais de Bobby Keys e Jim Price. Ficou até 1975, quando foi substituído por Ron Wood. Outros dão razões de vingança. Os Stones teriam sentido necessidade de responder à má fama granjeada durante o Festival de Altamont, em 1969, que redundou num assassinato diante do palco, supostamente por incitação "demoníaca" de Mick Jagger. Os dois trabalhos seriam uma carga pesada e ainda mais diabólica que os trabalhos anteriores. Os dois motivos são verdadeiros. Taylor forneceu espessura aos arranjos, embora não o tenha feito nos dois discos posteriores ("Goat's Head Soup", de 1973, e "It's Only Rock'n'Roll", 1974). Uma força imoralista magnetiza os dois discos. Músicas como "Brown Sugar" e "Moonlight Mile", no primeiro, e "Tumbling Dice" e "Shine a Light", no segundo, são vincadas pela exaltação a drogas, poder e sexo. Mas há um fundamento mais profundo, que é realçado na remasterização. Os Stones realizaram ali a primeira síntese de uma linguagem não-étnica no rock. Até então, as bandas se influenciavam por um idioma. Velvet Underground sabia a vanguarda. Os Beatles eram afetados pelas músicas barroca e indiana. Nos dois discos, os Stones transcenderam quaisquer raízes e forjaram o paradigma para a globalização do gênero. Inventaram o rock universal. Texto Anterior: Rolling Stones chegam em CDs remasterizados Próximo Texto: Crise marca meio dos anos 70 Índice |
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