São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 1994
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Republicanos conseguem a maior vitória desde 1946

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O Partido Republicano, de oposição ao presidente Bill Clinton, ganhou a maioria da Câmara, do Senado e dos governos estaduais nos EUA. Os republicanos terão o controle do Congresso pela primeira vez em 40 anos.
Foi a pior derrota eleitoral do Partido Democrata desde 1946, quando ele perdeu 54 cadeiras da Câmara e 13 do Senado para os republicanos. Anteontem, os democratas perderam pelo menos 52 vagas na Câmara e 8 no Senado.
Nenhum governador, senador ou deputado federal do Partido Republicano deixou de se reeleger anteontem. Sete dos oito maiores Estados vão ser governados a partir de janeiro pelos republicanos.
O resultado é um completo desastre político para o presidente Clinton, que teve na primeira metade do governo graves problemas para ver aprovados alguns de seus projetos pelo Congresso, apesar de ter a maioria.
Agora, com o controle da oposição nas duas casas do parlamento, as dificuldades de Clinton serão ainda maiores. Ele se empenhou na campanha de vários candidatos que foram derrotados anteontem.
Para complicar ainda mais suas perspectivas, Clinton assistiu ontem à passagem do senador Richard Shelby, do Alabama, para a oposição. Shelby, 60, disse que não havia mais espaço para ele no Partido Democrata.
Um dos principais assessores da Casa Branca, David Gergen, que havia trabalhado para Ronald Reagan, se demitiu, reclamando da impossibilidade de Clinton de trabalhar com a oposição.
O vice-presidente Al Gore também saiu muito machucado com os resultados das urnas. No seu Estado-natal de Tennessee, os dois senadores e o governador eleitos anteontem são republicanos.
Os democratas perderam algumas das suas principais lideranças nacionais: o governador de Nova York, Mario Cuomo, a governadora do Texas, Ann Richards, o deputado Jack Brooks, do Texas, mais antigo membro da casa, e o presidente da Câmara, Tom Foley.
Entre os sobreviventes, todos com grandes dificuldades: o senador Edward Kennedy, de Massachusetts, o governador da Flórida, Lawton Chiles, e o senador Chuck Robb, de Virgínia.
Os dois maiores vitoriosos da noite de anteontem são o senador Bob Dole, líder dos republicanos no Senado e o deputado Newt Gingrich, novo presidente da Câmara, segundo na linha da sucessão presidencial.
Dole, 71, um dos republicanos mais moderados e experientes, telefonou para Clinton para lhe dizer que deseja trabalhar com a Casa Branca naquilo que for possível.
Gingrich, 51, dono de uma das retóricas mais agressivas do Congresso, disse que suas novas obrigações são solenes e sérias e muito diferentes das que tinha como líder da oposição.
Ele foi o coordenador do Contrato com a América, um programa ideológico subscrito pelos candidatos republicanos à Câmara, ao qual muitos creditam a responsabilidade pela vitória de anteontem.
O "Contrato", inspirado no governo Reagan, promete: diminuição de impostos, aumento dos gastos militares, limite para o número de reeleições para parlamentares, cortes em despesas sociais e orçamento equilibrado.
Os republicanos eleitos pela primeira vez para o Congresso são, em geral, mais conservadores do que os que já estavam no Parlamento. Muitos dos democratas que se reelegeram pertencem à ala conservadora do partido.
O novo Congresso, que toma posse em janeiro, portanto, não será apenas de maioria republicana. Ele será muito mais conservador do que o atual.
Na madrugada de ontem, em frente à Casa Branca, jovens republicanos fizeram carreata com faixas e balões. Eles gritavam: Republicanos, 96, referência à sucessão de Clinton.

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