São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 1994![]() |
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Eleição dá largada para sucessão de Clinton
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
A primeira indicação dos resultados de anteontem é a de que Clinton sai enfraquecido para a disputa da reeleição. Ele foi o grande derrotado. Seus assessores tentam analisar a manifestação dos eleitores como a continuação do desejo de mudança expressada nas urnas em 1992, quando Clinton se elegeu presidente. Mas o fato de que nenhum republicano em busca da reeleição foi derrotado deixa claro que o voto de anteontem não foi contra quem está no governo, em geral, mas contra o presidente e seus aliados. Isso não quer dizer que Clinton está condenado à derrota em 1996. Harry Truman também perdeu feio em 1946, governou com um Congresso dominado pelos republicanos e se reelegeu dois anos depois. Mas a imagem de fraqueza eleitoral do presidente vai animar integrantes de seu próprio partido a desafiá-lo na disputa pela legenda. O deputado Richard Gephardt, 53, de Missouri, por exemplo. Ele é o líder do partido na Câmara, um dos expoentes da sua ala conservadora, reelegeu-se anteontem com 59% dos votos e tem explícitas ambições presidenciais. O senador Sam Nunn, 56, da Geórgia, outro conservador, que tem se oposto a Clinton com frequência em assuntos militares e ganhou grande exposição ao integrar a missão Carter ao Haiti, é outra possibilidade. O reverendo Jesse Jackson pode se sentir animado a ocupar o vácuo criado na ala liberal democrata com as derrotas de Mario Cuomo, Tom Foley e outros e concorrer ou à legenda de seu partido ou como independente. Entre os republicanos, a consequência das eleições de anteontem será uma inflação de aspirantes à Presidência. O principal é o senador Bob Dole, líder no Senado, apesar dos seus 71 anos. Mas a ele podem vir a se juntar: o senador Phil Gramm, o ex-secretário de Estado James Baker, o ex-secretário da Defesa Dick Chenney, o ex-secretário da Habitação Jack Kemp, o ex-vice-presidente Dan Quayle, o governador Pete Wilson, da Califórnia, um dos vencedores de anteontem. A vitória do establishment político republicano diminui a eventual necessidade de o partido se voltar para um não-político profissional, como o general Colin Powell, para derrotar o presidente Clinton em 1996. O empresário Ross Perot (19% dos votos como independente em 1992), disse ontem de madrugada que, se o Congresso de maioria republicana não trabalhar bem, ele pode se candidatar de novo à Presidência. (CELS) Texto Anterior: Aprovada medida contra imigrantes Próximo Texto: Republicanos conseguem a maior vitória desde 1946 Índice |
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