São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 1994 |
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Angola invade sede dos rebeldes
FERNANDO ROSSETTI
Se o governo angolano de fato conseguir tomar Huambo, poderá na prática vencer a guerra que trava com a Unita desde a independência do país em relação a Portugal, em 1975. Segundo pessoal da Cruz Vermelha no local, o Exército controla as partes leste, oeste e sul de Huambo. O aeroporto da cidade fica na parte sul dominada agora pelo Exército. Reforços da Unita –na maioria constituídos de jovens recrutas descalços– moviam-se ontem em direção à cidade enquanto civis fugiam na direção contrária. Apesar do avanço das tropas do governo, a rádio da Unita disse que o grupo ainda está disposto a assinar o tratado de paz com o presidente José Eduardo dos Santos em Lusaka, Zâmbia, na terça-feira, se o ataque a Huambo parar. A transmissão, captada em São Tomé e Príncipe, cita o líder da Unita (União Nacional para a Independência Total de Angola), Jonas Savimbi, pedindo pressão internacional contra o ataque. Mais de 50 trabalhadores de agências humanitárias foram retirados de Huambo ontem, depois que o local onde estavam se protegendo foi saqueado por soldados não identificados antes da chegada do Exército, segundo a agência britânica Reuter. Huambo (530 km a sudoeste da capital Luanda) é a segunda cidade do país, rica em diamantes e na região mais fértil de Angola. A Unita diz que a ofensiva matou centenas de civis. O Exército diz que matou 1.500 guerrilheiros. Mais de 500 mil pessoas morreram na guerra civil, segundo as agências internacionais. O governo é dominado pelo MPLA (Movimento Popular pela Libertação de Angola), originalmente comunista –o que levou a África do Sul e os EUA, entre outros, a financiarem, nos anos 80, a guerrilha da Unita, "de direita". Em 1992, um acordo de paz entre a Unita e o MPLA levou à primeira eleição livre do país. Mas a Unita, após perder a Presidência, alegou fraude no processo e retomou a guerra civil. O governo estava, então, desmobilizado e perdeu grande parte do território do país à guerrilha, inclusive Huambo, em março de 1993. Agora, a situação é inversa. Colaborou Fernando Rosseti, de Johannesburgo Texto Anterior: Jirinovski ataca judeus na ONU; Bomba interrompe filme sobre Israel; Chirac e Balladur se esnobam; Rússia homenageia criador do AK-47; Achado intacto foguete V-I alemão; Oposição comemora queda do Muro de Berlim; Aviões do Irã atacam guerrilhha no Iraque.; Homem confessa morte de 'vampira'; Tornado destrói kibutz Bror Chail Próximo Texto: Avião sérvio bombardeia Bihac e viola zona de exclusão da ONU Índice |
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