São Paulo, sexta-feira, 11 de novembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Ex-diretor cassado recebe aposentadoria
RICARDO FELTRIN
Quintino é alvo de três inquéritos administrativos e três processos judiciais, que tramitam atualmente na Justiça e na Câmara. Entre as supostas irregularidades cometidas por Quintino e que ainda aguardam sentença estariam: desvio de verbas orçamentárias em proveito próprio, desvio de verbas durante construção de um heliponto na Câmara, preparação irregular de licitação para compras públicas, contratação irregular de funcionários para a Câmara e utilização particular de servidores. O ex-diretor chegou a ser preso em 89 durante cerca de uma semana –acusado de incêndio criminoso no 13º andar da Câmara–, mas acabou solto e absolvido. O presidente da Câmara, Miguel Colasuonno (PPR), afirmou que decidiu revogar a cassação da aposentadoria de Quintino e reabrir os inquéritos administrativos contra o ex-diretor "para que ele tenha chance de se defender". A Folha vem tentando localizar Quintino desde 25 de outubro, mas não obteve sucesso (leia texto ao lado). Em 1989 e 1990, uma CEI (Comissão Especial de Inqérito) concluiu que Quintino seria responsável pelas irregularidades citadas. A revogação da cassação da aposentadoria de Quintino foi publicada no "Diário Oficial do Município" em 22 de outubro último. O vereador Chico Whitaker (PT) entregou à presidência no início da semana um pedido de anulação da decisão publicada no "D.O.M.". Whitaker afirma que a decisão foi publicada de forma "cifrada, de modo a confundir quem não estiver a par do processo". Textualmente, o "D.O.M. diz: "(...) revogue-se todas as decisões referentes ao processo 888/93, da página 245 em diante." "É evidente que a publicação estava encobrindo uma manobra para beneficiar o ex-diretor", afirmou o petista. Whitaker também disse que o procedimento administrativo para revogar a cassação é irregular. "Quintino já havia recorrido dessa decisão na Justiça e a Câmara a manteve. Por que mudar isso agora?". O senador Eduardo Suplicy (PT), então presidente da Câmara durante as investigações contra Oswaldo Quintino, disse ontem à Folha que considera "estranho" que a atual presidência não tenha publicado a decisão de forma "transparente". "O presidente precisa explicar abertamente as razões que o levaram a isso. Quintino teve muitas chances de se defender durante as investigações da CEI", disse. O presidente Miguel Colasuonno negou qualquer intenção de "encobrir uma decisão ou que o despacho tenha sido publicado cifradamente". A presidência também informou não haver nenhum tipo de irregularidade na revogação. "As decisões da Mesa são sempre coletivas. Não vejo nenhuma ilegalidade em dar chance a uma pessoa de se defender", declarou Colasuonno. Texto Anterior: STF veta teste de paternidade por ordem judicial Próximo Texto: Vereador diz ser "neutro" Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |