São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Hélio Costa escolhe governador como adversário

PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

A disputa eleitoral em Minas Gerais revive o confronto de 1990 entre os dois "Hélios" da política mineira. O governador Hélio Garcia (PTB) e o candidato Hélio Costa (PP) se enfrentam agora em situações distintas.
Quatro anos depois, Costa disputa o governo com o ex-prefeito de Belo Horizonte, Eduardo Azeredo (PSDB), mas escolheu Garcia, o seu adversário do último pleito, como alvo.
Os ataques do candidato do PP a Garcia e seu grupo político tiveram início há cerca de um mês, quando as pesquisas de intenções de voto já indicavam a ascensão tucana. Eles se intensificaram quando Garcia se licenciou para fazer campanha para Azeredo.
Costa desencadeou uma série de denúncas sobre uso da máquina administrativa em favor de Azeredo e repetidas vezes tem afirmado que, com a eleição do tucano, Garcia e seu grupo político se manterão no poder.
"Será o continuísmo por mais quatro anos do grupo político do Palácio", dispara Costa, que denuncia "aliciamento" de prefeitos por meio de "300 obras eleitoreiras" pelo interior do Estado.
Garcia se mantém distante dos ataques e não rebate nenhuma acusação. "Aprendi a me resguardar, não discutir, não acusar. Não tenho inimigos, alguns é que querem ser meus inimigos", diz.
O governador, nos bastidores, diz ser inútil a tentativa de escolhê-lo como alvo. Para ele, ataques não dão votos, ao contrário.
Garcia está envolvido de corpo e alma nesta campanha, mas, segundo seus aliados mais próximos, não vai exigir nada em troca pela eventual eleição de Azeredo.
Em meio à disputa, Azeredo costurou uma ampla aliança política que o ajudou a reverter a situação no interior, onde no primeiro turno Costa foi o vitorioso, com 48% dos votos válidos.
Ele conseguiu apoios como o da senadora Júnia Marise (PDT), que no primeiro turno esteve ao lado de Costa, e dos outros dois principais candidatos no primeiro turno, José Alencar (PMDB), e Antônio Carlos Pereira, o Carlão (PT). Todo o PT aderiu ao tucano.
O ex-correspondente internacional da Rede Globo denuncia o governo e trabalha para manter a boa votação no interior. Costa sabe, no entanto, que isso não é suficiente e tenta ampliar a sua votação.
Para o prefeito de Montes Claros e coordenador político da campanha de Costa, Luiz Tadeu Leite (PP), a estratégia do segundo turno foi a de manter os índices no interior e melhorar em Belo Horizonte, onde o candidato do PP teve apenas 27% no primeiro turno.

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