São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Ajuste prevê demissões após eleição presidencial

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

O ministro da Economia, Domingo Cavallo, prepara um ajuste nas províncias argentinas para ser feito depois das eleições presidenciais de maio de 95.
O pacote prevê novas demissões em cargos públicos nas províncias, agravando o desemprego.
O Orçamento de 95 enviado ao Congresso prevê cortes nas transferências do governo federal e enxugamento da máquina estatal nas províncias, incluindo bancos oficiais.
A oferta de trabalho nas províncias argentinas é reduzida, o que contribuirá para a expansão dos "novos pobres".
Essa categoria também vai aumentar em Buenos Aires: novas privatizações, como dos Correios, e demissões em órgãos da capital argentina, são defendidos pela assessoria de Cavallo.
Reservadamente, a assessoria de Cavallo e de Menem temem o início de um processo recessivo em 95. Na prática, muitos economistas argentinos avaliam que isso é inevitável.
Roberto Frenkel, do Centro de Estudos de Estado e Sociedade, disse que a recessão resultaria da queda dos investimentos estrangeiros, que disputariam condições mais atraentes no mercado externo, e o esgotamento da chamada "bolha de consumo".
O aumento do consumo, após o Plano Cavallo, também apresenta sinais de que seguirá um ritmo mais lento. Desde junho, está caindo a arrecadação do IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que incide sobre as vendas em geral.
Como o presidente Carlos Menem tenta um segundo mandato e é o candidato favorito nas pesquisas de opinião pública, o governo adiou o conjunto de reformas nas províncias.
A seis meses das eleições, Menem esforça-se em tentar reduzir os custos do programa de estabilização perante a opinião pública.
A campanha institucional da gestão Menem, diariamente em todas as redes de televisão, não cansa de repetir que foram criados mais de 750 mil empregos nos últimos quatro anos.
Como a elevação do desemprego e aumento da pobreza no governo Menem já se tornaram bandeira da oposição, a Secretaria e Meios e Comunicação da Casa Rosada e a cúpula do Partido Justicialista vão concentrar grande parte da campanha de Menem na construção de casas populares.(SM)

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