São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Números oficiais são contestados

JOSÉ VICENTE BERNARDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O otimismo que os números oficiais sugerem não é compartilhado por todos os profissionais e entidades ligados à segurança do trabalho, para quem ainda há muitos problemas a se resolver.
José Roberto Sevieri, 38, editor da revista "Cipa", especializada no assunto, afirma que "a tendência de queda é verdadeira, mas os números não são exatos".
Para Carlos Clemente, 38, coordenador do departamento de saúde do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco há 15 anos, "o número de acidentes que não são comunicados vem crescendo desde 1976, aproveitando brechas criadas na legislação".
Segundo ele, usando a proporção internacional entre acidentes e mortes –que são praticamente impossíveis de esconder– é possível estimar em mais de 1,5 milhão o número de acidentes que não foram comunicados ao INSS em 93.
"Com certeza, deixamos de ser os campeões mundiais, mas a quantidade de acidentes ainda é alta", diz Mauro Daffre, 42, diretor da Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes.
Para ele, os programas de qualidade têm agora que "contagiar" pequenas e microempresas, "que empregam um grande contingente de mão-de-obra mas pouco fazem em termos de segurança".
O Diesat (Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho) avalia que está havendo um aumento na incidência de doenças de trabalho, "mais difíceis de serem contabilizadas nas estatísticas oficiais", segundo a socióloga Agda Delía, 43, assessora técnica da entidade.
(JVB)

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