São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Lucro demais leva esporte à crise nos EUA

DO "USA TODAY"

Na maioria dos países, a falta de recursos gera crise nos esportes. Nos EUA, é diferente. O dinheiro movimentado pelas quatro grandes ligas profissionais do país cresce a cada temporada, mas a crise bate à porta de todas elas.
O campeonato da Major League, a primeira divisão do beisebol, foi cancelado depois que os jogadores fizeram greve contra a criação de um teto salarial.
A temporada do hóquei sobre o gelo começou com atraso, deixando sem resposta questões pendentes, do salário dos jogadores ao contrato com as redes de TV.
As outras duas ligas, de basquete (NBA) e de futebol americano (NFL), têm seus campeonatos transcorrendo normalmente, mas vivem agitação nos bastidores.
Muda o esporte, mas todas as discussões envolvem os mesmos participantes: jogadores, emissoras de TV e donos de times.
Os jogadores acham que ganham pouco, sabem que os times faturam mais a cada ano e querem aumentar sua fatia no bolo.
As emissoras acham que pagaram bom preço pelas transmissões e querem um pacote maior de partidas pelo mesmo dinheiro.
Os donos de time acham que o momento é de investir, para modernizar a estrutura dos ginásios e estádios, preparando o esporte para o próximo milênio.
As razões para a suspensão da temporada do beisebol não são poucas. Além do embate com os jogadores e as emissoras, os donos de times estão brigando entre si.
Os times de menor expressão querem repartir igualmente as cotas pagas pela TV.
O New York Yankees fatura por ano US$ 47 milhões com as transmissões, enquanto o Colorado Rockies, por exemplo, fica com US$ 4 milhões.
Embora o beisebol seja o esporte com maior faturamento na temporada passada (US$ 63,4 milhões arrecadados por equipe), em sua liga se concentram os times com maiores prejuízos.
O Kansas City Royals lidera a lista, perdendo US$ 22,5 milhões em 1993.
Apesar disso, grupos empresariais continuam querendo investir no esporte. Para entrar, é necessário pagar uma franquia à liga.
É preciso também mais dinheiro para construir a infra-estrutura da equipe e ter uma cidade a apoiá-la.
Com US$ 62,4 milhões de faturamento anual por time, a liga do futebol americano está tranquila.
Fazem sua estréia em 1995 o Carolina Panthers e o Jacksonville Jaguars. Cada proprietário pagou US$ 140 milhões à NFL pela franquia, mas o investimento de cada um deve chegar a U$$ 300 milhões. Lucro? Daqui a cinco anos.
Dois times canadenses, Toronto Raptors e Vancouver Grizzlies, ingressam na NBA na próxima temporada, por franquias de US$ 125 milhões.
Todas as ligas encaram esta e as duas próximas temporadas como sendo "de transição". A palavra de ordem é "modernizar".
Pat Williams, principal dirigente do Orlando Magic (basquete), diz que o momento é de investir na estrutura de cada time. "Modernizar os ginásios e incrementar a oferta de esporte pela mídia eletrônica é a prioridade", analisa.
Para Jerry McMorris, dono do Colorado Rockies (beisebol), "quem não gastar muito dinheiro agora não vai conseguir ganhar dinheiro depois".
McMorris –e todos os outros donos de times– querem protelar as negociações com os jogadores, que desejam participação maior no dinheiro arrecadado.
Além dos salários, os jogadores faturam alto em contratos de publicidade e, nos últimos anos, com uso da imagem em videogames.
O pivô Shaquille O'Neal, do Orlando Magic (NBA), tem salário de US$ 6 milhões anuais, mas ganhou quase US$ 20 milhões no ano passado, graças à publicidade e às vendas de seu CD de rap.
Tradução e redação de Thales de Menezes

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