São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Lei lembra livro inglês

DE PARIS

Em 1984, a utopia pessimista escrita em 1949 por George Orwell (1903–1950), câmeras e microfones espionam a vida da população.
As teletelas imaginadas pelo escritor britânico filmam e gravam as pessoas e transmitem propaganda do governo.
Não há teletelas na URSS, mas poderia haver: nada na URSS contradiz o princípio das teletelas, escreveu a respeito, em 1956, o crítico norte-americano Irving Howe.
Howe não imaginava que um país democrático seria o primeiro a propor a filmagem sistemática de seus cidadãos.
A sociedade de 1984 vai muito além da vigilância com câmeras: chega a controlar o pensamento da população.
No entanto, após escrever o livro, o próprio Orwell ressalvou em uma carta: Não acredito que o tipo de sociedade que descrevo existirá necessariamente, mas acho que algo parecido pode ocorrer.
Pasqua nega qualquer relação com o livro. Sinto decepcionar os amantes de ficção científica. O objetivo é o contrário: enquadrar pela lei o que já é feito por particulares, explica o autor do projeto.
Ninguém quer bancar o Big Brother. Não é a mentalidade francesa, diz Patrick Balkany, prefeito de Levallois-Perret, a primeira cidade francesa a usar sistematicamente as câmeras (veja texto nesta página), referindo-se à entidade onipresente do livro de Orwell.

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