São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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O que pensa o Rio

Segundo o Datafolha, 86% dos moradores do Estado do Rio são a favor de que o Exército comande o combate ao crime organizado. Essa cifra não chega a surpreender.
O que chama a atenção na pesquisa é constatar que os fluminenses têm boas razões para apoiar a intervenção das Forças Armadas.
Quando questionados sobre os principais problemas que o próximo governador terá de enfrentar, 69% dos entrevistados citam a segurança. Depois vêm saúde (68%) e educação (51%). Em São Paulo, que está muito longe de ser um Estado-modelo em termos de combate à violência, a segurança aparece apenas em terceiro lugar (30%).
Os moradores do Rio querem maior vigor no combate à criminalidade porque já sentiram na própria carne o que é ser vítima da violência. Quase um em cada dois habitantes já foi assaltado na rua; 17% já tiveram suas casas roubadas.
As maiores vítimas de assaltos são os mais abastados: 55% dos fluminenses com renda mensal superior a dez salários mínimos já foram assaltados na rua pelo menos uma vez, contra 38% dos que recebem até cinco mínimos. O fenômeno se repete no caso da escolaridade. Isso ajuda a explicar a dimensão que a questão da violência ganhou no Rio, onde os chamados formadores de opinião sofrem constantemente com a violência que, em outros Estados, fica mais restrita às áreas periféricas das grandes metrópoles.
E os fluminenses parecem de fato dispostos a pôr um fim à violência, mesmo que sem medir consequências. Para 52% dos entrevistados, o Exército deveria subir no morro e entrar nas favelas. Os que apóiam a operação como foi concebida –na qual o Exército apenas coordena e dá apoio às ações da polícia– são 42%. Resta esperar que o desejo de conter a violência dos fluminenses de fato se realize, mas sem que o Rio se torne uma espécie de Belfast sitiada.

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