São Paulo, domingo, 13 de novembro de 1994
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Cinderela anos 90

FERNANDA SCALZO
–"OVOS DE OURO" É SEU PRIMEIRO FILME?

–Sim, o primeiro de toda minha vida.
–E como você encontrou Bigas Luna?
–Encontrei Bigas Luna em Miami, onde eu estava visitando meus avós. Entrei num restaurante para comprar um café-com-leite para minha avó e ele estava lá. A produtora dele veio falar comigo e disse que havia um diretor europeu famoso no restaurante e que ele estava procurando uma pessoa para fazer o papel de Ana em seu novo filme. Adorei. Conversamos e ele foi super gentil, me pediu para fazer um teste no dia seguinte. Topei, apesar de meu espanhol ser péssimo. Fui lá e fui péssima no teste. Estava apavorada. Quando lia, entendia a fala do personagem, mas na hora de falar, minha língua não acompanhava. Mas ele me pediu para voltar no dia seguinte, quando teria uma cubana para me ajudar na língua. Estudei com ela umas cinco horas e fiz o teste de novo. Foi bem melhor.
–Você tem origem hispânica?
–Sim, minha mãe é metade espanhola e metade holandesa. Meu pai tem origem índia. Mas eu cresci mais com o lado espanhol da família da minha mãe. Me sinto muito latina. Quando fui para a Europa pela primeira vez, eles se referiam a mim como "a americana". E eu achava que não era comigo. Nunca pensei em mim mesma como americana. Quando você é latino nos Estados Unidos, é muito difícil se sentir americano.
–E você já tinha pensado em fazer filmes?
–Isso é uma coisa incrível que aconteceu. Eu tinha ido para Miami justamente porque tinha decidido iniciar uma carreira como atriz. Sempre fui fascinada, mas para mim era muito distante. Mas um dia eu estava vendo um programa de TV chamado "Latinos em Hollywood" e Raul Julia estava dizendo que se você é latino deve tentar conhecer sua cultura e se aprofundar, porque é muito difícil para um ator latino se dar bem em Hollywood. Quando eu era criança, por exemplo, eu não sabia que Rita Hayworth era latina, ou que Rachel Welch era latina. Esse tipo de atriz ou ator nunca dizia suas origens.
Quando ouvi essas coisas, decidi que era isso que queria fazer. Não importava que levasse um ano, cinco ou dez para ser atriz. Então fui a Miami porque queria conversar com minha avó sobre minhas origens. Descobri histórias sobre meus bisavós espanhóis. E tudo foi muito curioso, porque encontrei Bigas Luna, o filme era espanhol, acabei indo para a Espanha, e depois para o Brasil, que é um país latino.
–Então você demorou apenas alguns dias para virar atriz?
–É, foi tudo muito incrível. E esse filme já me abriu as portas para outros trabalhos. Acabei de filmar agora "Abducted 2", de Boon Collins.
–E você já tem outros projetos?
–Espero trabalhar com Bigas Luna de novo. Ele já demonstrou interesse que eu esteja no seu próximo filme. Estou também conversando com o diretor de um outro filme, "Manágua

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