São Paulo, terça-feira, 15 de novembro de 1994
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"Garotinho parece pivete"

DA SUCURSAL DO RIO

O tucano Marcello Alencar disse ontem que vai "detonar a realidade da vida" do adversário. Afirmou também que pretende revelar, "unidade por unidade", a situação do governo do PDT. Abaixo, trechos da entrevista concedida ontem à Folha:
Folha – O sr. pretende manter as ações judiciais contra o candidato do PDT?
Alencar – Vou nisso até o fundo porque acho que esse menino é muito perigoso. Ele é sem freio. Temos que limitar as ações dele. Processos penais, de danos morais, vamos em cima de tudo.
Folha – Ele fez a campanha denunciando o sr. por corrupção e diz que quer colocá-lo na cadeia.
Alencar – Ele parece pivete que passa a mão na sua carteira e grita: "pega ladrão". Diz que vai acabar com a máfia de ônibus, que financiou sua campanha.
Vou querer detonar a realidade da vida dele, o que fez em Campos, que maracutaias que deixou lá. Já há um processo de peculato contra o diretor que ele colocou na Fundação do Menor.
Folha – O sr. vai fazer uma devassa no atual governo?
Alencar – Não chamaria de devassa, mas sou obrigado a prestar contas ao povo de como vou encontrar o Estado. Unidade por unidade vai ser revelada.
Se couber entrar com processos, vamos entrar, mas não tenho a cabeça de ficar caçando bruxas.
Folha – O sr. tem conhecimento de irregularidades?
Alencar – Soube ontem que, há quatro meses, o Estado não paga fornecedores, empreiteiras. Deixa uma dívida enorme da Linha Vermelha, dos Cieps.
Pensei que ele tinha feito o caixa único para construir Cieps, e ele deixa uma dívida imensa.
Folha – Valeu a pena ter deixado o PDT?
Alencar – No PDT, Brizola era o dono. Ele me provocou por três anos, tive tolerância.
A relação de dona Neusa Brizola com minha mulher era bonita. Contemporizava. Brizola e eu chegamos a momentos em que não podíamos olhar um para o outro. A saída do PDT foi imperiosa.

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