São Paulo, terça-feira, 15 de novembro de 1994
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Guerra psicológica

LUIZ CAVERSAN

RIO DE JANEIRO – O atual estágio da operação do Exército no Rio de Janeiro, previsto no documento de ação da força que a Folha publicou domingo, é o da "guerra psicológica".
Demonstração de força –homens, equipamentos, mobilização–, presença da cor verde-oliva em todo canto, aeronaves em sobrevôos, uma ou outra ação efetiva conjunta –como a detenção dos torcedores arruaceiros no domingo. Estas são por enquanto as intervenções na cidade, dentro da estratégia traçada pelo Exército, de acordo, até prova em contrário, com o governo do Estado.
Apesar dos inocentes que continuam a morrer sem nada terem a ver com tiroteios que ainda ocorrem na cidade, apesar de os criminosos continuarem nas suas, digamos, atividades cotidianas, há um clima positivo em torno da diminuição da violência.
Principalmente pela falta de açodamento por parte da força militar federal.
Apesar de a tal "guerra psicológica" ter aguçado um já tradicional histerismo na mídia local, que não tem economizado adjetivos nem deixado de explorar imagens de vídeo para propalar a guerra que não há.
Se não há guerra, pelo menos alguma batalha haverá, e o documento com os planos do Exército indicam isso. As forças militares deverão, a dada altura dos acontecimentos, receber ordens para subir determinado morro para desalojar forças marginais resistentes.
Mas, ao que tudo indica, isso será feito como último recurso e tomados todos os cuidados no sentido de se preservar a integridade das populações inocentemente postadas entre uma e outra ala em conflito.
Talvez este tenha sido o maior mérito da operação comandada pelo Exército até agora: não ter respondido positivamente ao histerismo e, por precipitação, protagonizado derramamentos de sangue evitáveis.
O Exército está evitando isso, numa demonstração de profissionalismo e bom senso. Elementos indispensáveis, essenciais, para uma operação dessa natureza.

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