São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Sindicato pede CPI para PF

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Federação Nacional dos policiais federais começou ontem, em Brasília, a reunir documentos que serão enviados ao Congresso Nacional para pedido de abertura de uma CPI da Polícia Federal.
A decisão foi tomada em consulta a membros de 26 sindicatos da Polícia Federal, em todo o país. A diretoria da PF, em Brasília, informou que só vai comentar o assunto quando o documento dos policiais chegar ao Congresso.
Os documentos que postulam a Comissão Parlamentar de Inquérito vão ser enviados nos próximos dias ao Congresso Nacional.
Os próprios policiais pedem que os parlamentares investiguem a corrupção dentro da PF..
"O organismo tem de ser passado a limpo. Com essa CPI queremos mostrar a verdade, vamos cortar nossa própria carne", disse Jorge Lima, presidente nacional da Federação.
Com a corrupção e a falta de homens, dizem os policiais, vai ser "impossível" combater o tráfico de drogas nos morros cariocas.
"Um agente que ganha R$ 380,00 por mês está sujeito à corrupção. Baixo salário é sinônimo de corrupção", diz o relator dos documentos, Francisco Carlos Garisto.
Os policiais federais elencam, no documento, os pontos por onde estariam chegando ao Rio carregamentos de cocaína vindos do Cartel de Cali, na Colômbia, a máfia internacional do tráfico de cocaína.
Segundo a Federação, a CPI tem de investigar o porquê de o governo ter colocado apenas um policial para cuidar das áreas em que passam grandes carregamentos de cocaína, em direção ao Rio de Janeiro.
Os pontos desse tráfico elencados pelos policiais são Tabatinga (AM), na divisa com Letícia, na Colômbia, Bonfim (RR), e Guajará Mirim (RO).
Francisco Carlos Garisto diz que, além desses pontos, outro lugar que tem chamado a atenção dos policiais é o Porto de Santos (a 65 km de SP).
Dizem ainda os policiais que, daqui a dois anos, 50% do efetivo da PF, que é de 5.623 homens, estará se aposentando. "Assim os cartéis da droga vão tomar conta do Brasil", vaticina Jorge Lima.

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