São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Sindicato diz que PF não foi treinada

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

Os policiais federais enviados ao Rio para atuar na segurança das eleições não receberam treinamento especializado para acompanhar as ações em morros e favelas.
Eles não tiveram treinamento de tiro nem condicionamento físico. Não receberam nem mesmo instruções sobre a geografia do Rio.
Cerca de 120 policiais chegaram anteontem para acompanhar o segundo turno das eleições no Rio. Este trabalho vai durar dez dias.
A Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) informou que, embora não se confirme oficialmente, é certa a integração dos agentes às ações militares.
"Quando começarem as operações, o pessoal da PF aqui no Rio é que vai ter que ir passando os macetes para a gente", disse à Folha um agente que preferiu não se identificar.
O Sindipol–DF (Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal) e a Fenapef (Federação Nacional dos Policiais Federais) denunciaram a ausência de treinamento.
O presidente da Fenapef, Jorge Venerando, afirmou que os policiais enviados deveriam começar a ser treinados, no mínimo, dois meses antes da operação.
"Além da falta de treino de tiro e treino físico, tem muita gente que nem sequer conhece o Rio. Eles não estão preparados para subir morros, não sabem nem as gírias do tráfico", afirmou.
Para Venerando, só 30 policiais do COT (Comando de Operações Táticas) estão aptos a participar de operações repressivas nos morros.
Chegaram ao Rio aproximadamente 70 policiais do Distrito Federal, além de outros 50 de Alagoas, São Paulo e Espírito Santo. A Fenapef calcula que o total de policiais federais enviados ao Rio chegará a 300.
O vice-presidente do Sindipol–DF, Paulo Sampaio, disse que o último treinamento para os policiais federais na Academia de Polícia aconteceu há cinco anos.
"Não podemos impedir que os policiais federais participem, pelo contrário. Mas é preciso que essa operação seja bem estudada e feita na calada, e não com essa divulgação toda", afirmou.
Ontem os policiais federais reforçaram a segurança na eleição. Eles acompanharam juízes e candidatos e foram infiltrados entre os eleitores para fiscalizar tentativas de fraude.
A assessoria de comunicação da Polícia Federal no Rio informou que os policiais federais não participarão das operações militares.
Segundo a assessoria, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) financiou a vinda deles para trabalhar na eleição. O custo da operação não foi informado.

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