São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Olívio e Britto contam voto por voto

DIONE KUHN; CARLOS ALBERTO DE SOUZA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Na disputa eleitoral mais acirrada do país, a pesquisa de boca-de-urna do Datafolha aponta empate em 48% entre Olívio Dutra (PT) e Antônio Britto (PMDB). Os eleitores que disseram não ter candidato somaram 4%.
Um eventual empate na disputa poderá levar a uma nova eleição. EsSa é a opinião do ministro Marco Aurélio, que ontem estava exercendo a presidência do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
Olívio e Britto foram hostilizados por militantes adversários em Porto Alegre.
A hostilidade mais forte ocorreu contra Britto, no momento em que ele se dirigia ao local de votação, às 11h. Ao descer do carro, o candidato teve de passar por um "corredor polonês" petista.
Britto teve dificuldade de entrar no prédio, mas foi protegido por peemedebistas. Sua saída foi garantida por PMs.
Pouco depois, em outro ponto da cidade, Olívio foi insultado por militantes do PMDB. Os peemedebistas gritaram "aí, cachaça". Olívio tinha o hábito de beber, quando era prefeito da capital, depois do expediente.
Ao votar, o petista se recusou a posar para fotos fazendo o "V" da vitória, às 8h15 de ontem.
Com as mangas da camisa arregaçadas, o candidato saiu de casa às 8h, acompanhado de sua mulher, Judite, e da filha, Laura.
O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT), esperava-o na calçada. Eles foram a pé até o Colégio São João, local de votação de Olívio, na zona norte.
Às 11h, ao sair de uma emissora de rádio, Olívio foi cercado por dezenas de militantes do PT, que gritavam "governador". Alguns correligionários chegaram a lançá-lo para presidente.
Olívio, que condena quem "coloca a carreta na frente dos bois", pediu rigor na fiscalização e disse que a militância vai conferir voto a voto, urna por urna.
O candidato do PMDB, Antônio Britto, não deu folga ao seu adversário. Britto criticou o PT por ter "importado militantes". Segundo ele, uma "legião estrangeira" chegou de São Paulo e Santa Catarina para tumultuar as eleições.
Britto, 42, chegou ao comitê central de campanha às 7h45, acompanhado de sua mulher, Wolia Costa Manso, e do filho Santhiago. Ele foi aplaudido por lideranças do PSDB, PPR, PFL, PL e por alguns representantes do PDT.
Autor da emenda que instituiu o segundo turno, Britto disse que a votação em duas etapas não cumpriu seu objetivo de garantir a maioria. No primeiro turno, Britto ficou em primeiro lugar (49,2%).

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