São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Fleury quadruplicou dívida do Estado

AMÉRICO MARTINS
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Luiz Antonio Fleury Filho (PMDB), quadruplicou a dívida do Estado em sua gestão, sem fazer obras ou aumentar o salário do funcionalismo na mesma proporção. Fleury assumiu com a tarefa de administrar uma dívida de US$ 7,4 bilhões. Vai entregar o cargo devendo US$ 31 bilhões.
Além disso, o Banespa acumula déficit calculado pelo Banco Central em cerca de US$ 5 bilhões.
Em sua defesa, o Palácio dos Bandeirantes diz que Fleury tentou renegociar as dívidas. Será pago a credores externos, com prazo de 15 a 30 anos, US$ 1,9 bilhão.
Outros US$ 3 bilhões foram renegociados, com prazo de amortização de 240 meses. Sua assessoria informa, ainda, que ele não contraiu novos empréstimos junto ao governo federal. De qualquer forma, ainda restam pelo menos US$ 20 bilhões em dívidas.
Por falta de recursos para pagar as empreiteiras, várias obras estão paralisadas no Estado.
No setor rodoviário, estão paradas ou em ritmo muito lento a construção da rodovia Carvalho Pinto, as duplicações das rodovias Marechal Rondon e Antônio Romano Schincariol e as obras do novo anel viário de Campinas.
Fleury fez menos estradas do que seu antecessor, Orestes Quércia, e construiu menos quilômetros do Metrô que os três governadores anteriores (veja quadro ao lado).
Algumas de suas obras foram contestadas judicialmente, como a hidrovia Tietê-Paraná e a despoluição do rio Tietê, ainda não concluídas. Nesta última, foi apontada suspeita de superfaturamento pelo Tribunal de Contas do Estado.
O governador também teve atritos com o funcionalismo público. Segundo levantamento da bancada do PT na Assembléia Legislativa, categorias como a dos professores chegaram a acumular perdas salariais de 31,63% em sua gestão.
Fleury também foi criticado na questão dos direitos humanos, especialmente após a morte de 111 presos no Carandiru, em 1992.
Em sua gestão, segundo o Núcleo de Estudos da Violência da USP, a Polícia Militar matou 3.087 pessoas até maio deste ano. Foi um recorde. Na gestão de Quércia, foram mortas 1.716 pessoas e na de Montoro, 1.793.
Fleury também foi derrotado politicamente. Não se lançou a nenhum cargo; seu candidato ao governo, Barros Munhoz (PMDB), ficou em quarto lugar; e, atualmente, não está conseguindo aprovar seus projetos na Assembléia.

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