São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Oposição quer barrar a venda do Pacaembu

ANTONIO ROCHA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se depender dos vereadores da oposição, o projeto de venda do estádio do Pacaembu dificilmente passará pela Câmara.
Segundo o vereador Arselino Tatto, 38, líder do PT na Câmara, seu partido é "radicalmente contrário à venda".
"O estádio é um próprio municipal. A venda pode descaracterizá-lo. O déficit que ele apresenta é mais uma prova de que a prefeitura não sabe administrar os bens públicos", disse.
Tatto afirmou que o PT vai fazer tudo para impedir a aprovação do projeto. Segundo ele, o projeto quer "desviar a atenção de problemas na área social, principalmente na saúde, não resolvidos pela prefeitura".
Para o vereador Brasil Vita (PTB), líder do prefeito na Câmara, o projeto será aprovado. Ele disse que Maluf dispõe de maioria na Câmara –conta com os votos do PMDB. Segundo Vita, "há um grande número de vereadores favoráveis à privatização".
Ele disse que as queixas de moradores, que temem queda na qualidade de vida do bairro, são exageradas.
"O estádio foi inaugurado em 1940. Não havia nada nas redondezas. Os moradores vieram depois. Sempre houve grande fluxo de pessoas no local", afirmou.
O principal argumento da prefeitura para a venda do estádio é o déficit financeiro.
Segundo o secretário municipal de Planejamento, Roberto Paulo Richter, este ano o Pacaembu deve dar um prejuízo de US$ 1,5 milhão.
Mas há quem diga que o problema é a má administração. "Se todo o dinheiro arrecadado pelo Pacaembu ficasse no estádio, ele poderia se manter sem problemas", disse o ex-jogador corintiano Wladimir, 40, que foi administrador do estádio de 89 a 92.
Hoje, o dinheiro arrecadado pelo Pacaembu vai para a Secretaria das Finanças, que depois repassa apenas uma pequena parte para o estádio.
Para Wladimir, o déficit apontado pela prefeitura deve realmente existir. Mas, segundo ele, o estádio tem fontes de receita –como o ginásio, os alojamentos e as placas de publicidade–, que poderiam resolver o problema.
"Basta que o valor cobrado pelo uso desses espaços esteja de acordo com o mercado", disse.

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