São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Empresários dizem que inflação vai cair

FÁTIMA FERNANDES; MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

Grandes empresários do setor de bens de consumo apostam que a inflação em janeiro pode recuar para 1,5%.
Isto contraria tendência histórica dos índices de preços, que normalmente começam o ano em patamares elevados.
Mas a chegada dos importados, o aumento da produção das fábricas e a queda nas vendas no início do ano podem jogar para baixo os preços.
Os empresários que atuam nas linhas de roupas, calçados e eletroeletrônicos contam que o consumo arrefeceu nos últimos 15 dias e descartam a possibilidade de desabastecimento no Natal.
Segundo eles, a queda nas vendas pode jogar contra a alta dos preços.
"As vendas no comércio estão bem mais calmas. Também diminuiu a pressão dos fornecedores para aumentos de preços de matérias-primas", diz Nestor Herculano de Paula, diretor-presidente da Calçados Azaléia.
Otimista, ele prevê o recuo da inflação já a partir de dezembro –para 1,7%. "É que o consumidor ficou receoso de gastar depois que o governo decidiu arrochar o crédito". Por isso, diz, não há espaço para reajustes.
Para o empresário Sérgio Bergamini, nem só as medidas de contenção ao crédito devem segurar os preços, mas também os importados.
"Vai chegar muita mercadoria de fora nas linhas de higiene e beleza. Isto deve ajudar a segurar os preços", afirma.
Nahid Chicani, vice-presidente da General Electric do Brasil, afirma que a inflação se mantém estável –em torno de 2,5% ao mês– de novembro a janeiro.
Mauro Zucato, diretor-presidente da Zarty Electronics, revenda de eletroeletrônicos, diz que a inflação deve cair de 3% para 2% até janeiro, por conta da retração nas vendas.
Para Chicani, da GE, no entanto, a inflação só volta para 2% em fevereiro.
Os preços caem, diz ele, porque o novo governo deve reiniciar programas de privatização. Além disso, deve implementar a reforma constitucional e a fiscal.
Enrico Misasi, presidente da Olivetti, concorda com Chicani. Para ele, a inflação fica entre 2% e 3% ao mês nos próximos seis meses. Mas cai quando o governo deslanchar as reformas estruturais.

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