São Paulo, quarta-feira, 16 de novembro de 1994
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Frejat exagera e produz disco rebuscado

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

Rei que se preza recebe tributos dos súditos. No caso de Roberto Carlos, 13 artistas escolheram as suas músicas preferidas da dupla Roberto & Erasmo para uma reciclagem.
O guitarrista Roberto Frejat, do Barão Vermelho, produziu o disco e reuniu um timaço para entrar no estúdio: Skank, Carlinhos Brown, Tony Platão, Paulo Miklos (Titãs), Biquíni Cavadão, Vexame, Barão Vermelho, Chico Science, Cássia Eller, Marina, Miquinhos Amestrados, Blitz, e Kid Abelha.
Depois de quatro meses, Frejat conseguiu um disco dançante, com versões renovadas, repleto de guitarras funkeadas e baixo pulsante. Quase todas as músicas são do período da Jovem Guarda.
O álbum é bom, mas poderia ser melhor. Algumas versões são rebuscadas demais, poderiam ser mais simples. Há instrumentos demais, citações e fraseados em excesso. Frejat desprezou o silêncio.
O álbum abre com a já conhecida versão de "É Proibido Fumar" (64), do Skank. Segue com a intragável recriação de "Eu Te Darei o Céu" (66). Carlinhos Brown manteve a melodia vocal, mas subverteu a rítmica. O excesso de percursão resultou numa mixórdia, com base embolada e ritmo repetitivo.
"A Namoradinha de Um Amigo Meu" (66) vem com roupagem soul na voz de Tony Platão (ex-Hojerizah). A levada de "Sua Estupidez" (69) como uma balada soul remete a "Try a Little Tenderness". E lembra que a bela voz de Paulo Miklos fica melhor em músicas mais agressivas.
O Biquíni faz dançar com "Ilegal, Imoral ou Engorda" (75). O grupo Vexame consegue transformar a versão de "Cavalgada" (77) em algo mais brega do que o original.
Um dos pontos altos do disco é "Quando" (67) com o Barão Vermelho. O andamento é alternado e ela fica um pouco torta.
Chico Science injeta Mangue Beat em "Todos Estão Surdos" (71). Um baixo cheio de groovy faz a linha melódica. Sampleia uma cantiga de ciranda e enfia uma rabeca na faixa. O resultado é ótimo.
Marina começa declamando em "Por Isso Eu Corro Demais" (63). O rock acéfalo dos Miquinhos funciona perfeitamente em "Eu Sou Terrível" (67). Fiéis ao original, eles injetaram peso no rockabilly.
O Kid Abelha derrapa nas "Curvas da Estrada de Santos" (69). Paula Toller beira o monocórdico.
(LAR)

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