São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994 |
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Ação em morros fica sem prazo
FERNANDO RODRIGUES
A operação desencadeada ontem é classificada de médio prazo pelo Comando Militar do Leste. Isso significa que deve durar cerca de uma semana. Antes disso, é improvável que militares –ou policiais comandados pelo Exército– tomem alguma favela carioca. A exceção seria uma guerra entre gangues de traficantes. Os militares ficam irritados quando ouvem previsão de invasão aos morros da cidade. Dentro do comando, esse tipo de ação é considerada acessória e não a principal. Por razões de segurança e sigilo, os militares não gostam de declarar publicamente que a ocupação dos morros está ainda sem previsão. Mas, em conversas reservadas, fica claro que essa é a situação de fato. Acuados, os militares estão preocupados com a pressão popular por algum resultado imediato. Mas não querem, por isso, antecipar a ação. Para suprir o apetite da população por algum resultado, decidiram ontem que é necessário divulgar uma notícia por dia para a imprensa. A primeira foi ontem, sobre o controle das vias de acesso à cidade. Está para ser anunciado, hoje ou até o fim-de-semana, a estatística parcial de criminalidade no mês de novembro. Será uma forma científica de demonstrar que a presença das Forças Armadas no Rio já estaria coibindo a ação dos traficantes. A falta de uma data específica para que as tropas subam o morro não deve ser entendida como um atraso nos planos da operação de combate ao narcotráfico no Rio. Quando foi firmado o convênio para a atuação das Forças Armadas no Rio, em 31 de outubro, o Exército listou as ações prioritárias para diminuir a criminalidade na cidade. O plano está sendo seguido à risca. A primeira fase foi a 'àção psicológica". Logo apareceu o primeiro obstáculo: a eleição. Há uma semana, o Exército recebeu a lista dos 2.950 pontos de votação nos quais teve de montar patrulhamento. O esforço para garantir a segurança na eleição anteontem esgotou o poder do Exército para realizar outra ação de vulto. O controle das vias de acesso é considerado a segunda fase. Depois disso, virão os morros. Texto Anterior: Exército começa bloqueio dos acessos ao Rio Próximo Texto: Secretário se recusa a pedir arma militar Índice |
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