São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994
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Ilustre esquecido

O deputado Paulo Heslander (PTB-MG) é famoso pela falta de memória para fisionomias. Nomes, episódios, números de telefone e endereços para ele não são problemas. O deputado até gosta de se vangloriar da lembrança que tem disto tudo, mas, quando se trata de fisionomia, é um desastre.
Certa noite, em Belo Horizonte, Heslander entrou no Cabaré Mineiro –uma casa de shows que, no final dos anos 80, marcou época na cidade e hoje não existe mais. Encostado no balcão do bar, o deputado viu uma pessoa que sabia ser sua grande conhecida. Chegou perto e entabulou conversa.
Papo vai, papo vem, e nada de Heslander lembrar-se do nome daquele amigo. O deputado olhava o homem negro à sua frente, reparava no boné que usava, ouvia sua voz suave, mas nada daquilo era pista para o nome. Até que não se conteve e resolveu perguntar:
– Olha, eu estou aqui conversando com você há meia hora. Sei que a gente se conhece há muito tempo. Sei que gosto de você, mas não consigo lembrar seu nome. Dá para você dizer qual é?
O homem sorriu:
– Milton Nascimento.

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