São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994
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Covas vai investigar contratos do PMDB

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador eleito de São Paulo, Mário Covas, prometeu ontem fazer auditoria em todos os contratos de obras e serviços do governo paulista para saber se há contratos superfaturados.
Segundo Covas, todos os contratos que estiverem com suspeitas de irregularidades serão revistos. O governador eleito disse que a auditoria será feita sem que as obras sejam paralisadas.
Atualmente, o Ministério Público e o TCE (Tribunal de Contas do Estado) investigam denúncias de fraudes em dezenas de obras iniciadas nos dois últimos governos, ambos do PMDB.
Além das obras, um dos alvos de Covas serão os contratos com empresas fornecedoras de mão-de-obra. Ele acredita que esse esquema acaba servindo como "cabide de empregos".
O tucano foi cauteloso ao falar da investigação que pretende fazer. Em lugar de superfaturamento, falou de "gordura embutida em contratos de obras ou de serviços".
Também fez questão de dizer que seu governo "não será voltado para fazer caça às bruxas". Segundo ele, a auditoria será feita em todas as secretarias. Só a dívida do Estado com as empreiteiras é de quase US$ 3 bilhões
"O meu governo vai verificar (fazer auditoria) até porque o Estado não prospera, não resolve os seus problemas se isso não acontecer", disse. "Aquilo que estiver em excesso vai ser revisto".
Covas interrompeu sua primeira entrevista após a vitória para atender três telefonemas: do presidente eleito Fernando Henrique Cardoso; de seu adversário, Francisco Rossi (PDT); e do governador eleito de Minas, Eduardo Azeredo.
Na conversa com FHC, Covas confirmou que a escolha de seu secretariado será feito de comum acordo com a indicação do ministério do presidente eleito. Vários tucanos trabalharam conjuntamente nas duas equipes de campanha.
Covas prometeu ir na próxima semana a Brasília para se reunir com FHC e discutir a escolha das duas equipes de governo. "Não sei quais os nomes que estão na lista do Fernando Henrique", afirmou.
Segundo o tucano, o presidente eleito "'terá prioridade" na escolha dos nomes. "Ele não terá em mim um competidor", declarou.
Covas aproveitou a entrevista para delegar publicamente a primeira tarefa de governo. Seu vice, Geraldo Alckmin, vai tratar da articulação com os partidos para a formação do governo.
Segundo o governador eleito, Alckmin vai procurar os partidos que o apoiaram no primeiro e segundo turno para saber quem quer integrar o governo e quem pretende ficar na oposição.
O aliado preferencial de Covas é o PT. Ele gostaria de contar com petistas em seu secretariado, de preferência na área social. "Gostaria de ter o apoio do PT", disse ontem mais uma vez.
Alckmin informou que só iniciará sua tarefa na próxima semana. Disse que vai aguardar instruções, mas adiantou que também gostaria de ter o PT como aliado. "A postura ética do PT é muito próxima da nossa".
Covas afirmou que poderá privatizar estatais para resolver o problema da dívida do Estado. Uma das empresas citadas por ele é a CPFL (Companhia Paulista de Força e Luz), do setor elétrico. Mas excluiu a Cesp (Centrais Elétricas de São Paulo) da lista das privatizáveis.
A Folha tentou falar com o governo paulista sobre a auditoria covista. Até as 19h30, o governo não havia respondido.

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