São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994 |
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Novela cede a protestos de grupos negros
ARMANDO ANTENORE
A Rede Globo deve exibir a cena em dezembro. Durante uma conversa com o afilhado Kennedy (Alexandre Moreno), Zilá vai dizer que nunca se envergonhou de "pertencer à comunidade negra", que os negros não são "menos inteligentes que os brancos" e que ninguém "deve se calar diante do preconceito racial". A inclusão da cena atende reivindicações de grupos que combatem o racismo no Brasil. Há duas semanas, um dos protagonistas de "Pátria Minha", o empresário Raul Pelegrini (Tarcísio Meira), acusou o jardineiro Kennedy de roubo. Emendou à acusação injusta uma série de insultos racistas: "negro safado", "crioulo", "negro insolente". Chorando, Kennedy não conseguiu reagir à altura. Poucos dias depois, um grupo de São Paulo, o Geledés/SOS Racismo, entrou na Justiça com uma notificação contra a Globo e os autores da novela. A organização considera que "Pátria Minha" feriu a auto-estima da comunidade negra por causa do modo passivo como Kennedy se portou frente às agressões. Para reparar o mal, dizia a notificação, personagens negros da novela –e não os mocinhos brancos– teriam que "conscientizar" o jardineiro, incutindo-lhe "orgulho de raça". Outros grupos do Rio e São Paulo manifestaram a mesma opinião do Geledés, embora sem apelar à Justiça. O Instituto de Pesquisa das Culturas Negras, por exemplo, chegou a mandar um fax sobre o assunto para Gilberto Braga "Eram reivindicações justas, que resolvemos levar em consideração", afirma Sérgio Marques, um dos autores de "Pátria Minha". A equipe de escritores tomou a decisão no último fim-de-semana. Até a próxima segunda-feira, deverá concluir o diálogo entre Zilá e Kennedy. Texto Anterior: 'Blade Runner' entra para Biblioteca do Congresso; Gravadora lança CD com Michael aos 8 anos; Atriz Ricki Lake protesta e passa a noite na cadeia; Steve Wonder anuncia turnê contra a fome Próximo Texto: Movimento negro tenta coerção Índice |
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