São Paulo, quinta-feira, 17 de novembro de 1994
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Argentinos protestam contra visita de Andrew

SÔNIA MOSSRI
DE BUENOS AIRES

A visita do príncipe Andrew a Buenos Aires, no esforço argentino e britânico de reconciliacão 12 anos após a Guerra das Malvinas, provocou uma onda de protestos. Mais de 50 manifestantes estão detidos e 10 pessoas estão feridas depois de choques com a polícia.
Desde o final da tarde de terça, a Polícia Federal armou barreiras em frente à Embaixada do Reino Unido para tentar afastar manifestantes portando cartazes com os dizeres "fora Andrew, pirata e assassino" e retratos de Juan Domingo Perón e de Che Guevara.
Quarto colocado na linha de sucessão ao trono de sua mãe, a rainha Elizabeth 2ª, Andrew combateu na Guerra das Malvinas (que os britânicos chamam de Falklands) como piloto de helicópteros da Marinha de seu país.
Apesar da operação especial da PF, manifestantes fizeram novos protestos na manhã de ontem, quando Andrew participou da inauguração de monumento a George Canning nos jardins de Palermo, ao lado do presidente do Senado, Eduardo Menem.
Andrew chegou a discusar em espanhol. À tarde, ele visitou a fragata Presidente Sarmiento.
Canning foi chanceler do Reino Unido entre 1807 e 1809 e em 1822. Ele estabeleceu a política britânica de interferir em assuntos internos de outros países para favorecer o livre comércio britânico nas colônias espanholas.
Até a Guerra das Malvinas, Canning dava nome a uma movimentada avenida que cruza o bairro de Palermo. Foi trocado por Scalabrini Ortiz, um dos principais intelectuais que, na década de 40, reclamava da exploração britânica nas ferrovias argentinas.
Nas locomoções do príncipe, o governo argentino não utilizou o helicóptero presidencial Sikorsky. Recentemente adquirido por Menem ao custo de US$ 16 milhões, o helicóptero é chamado por assessores do próprio governo como Malvinas Argentinas. Andrew se desloca na Argentina utilizando um helicóptero da Força Aérea.
Oficialmente, a Casa Rosada informa que Menem não discutiu com Andrew a proposta argentina de comprar a soberania das Malvinas mediante indenização aos moradores ingleses.
Apesar disso, Menem aproveitou a visita para repetir à imprensa que considera que a Argentina pode recuperar as Malvinas negociando com o Reino Unido um pacote de medidas que inclui a indenizacão aos habitantes das ilhas.
O vice-chanceler Fernando Petrella afirmou que a visita do príncipe faz parte do projeto do governo argentino de mostrar à comunidade internacional, à Inglaterra e aos moradores das Malvinas que estamos em condições de um arrendamento de soberania e isso exige pequenos gestos.
No mês passado, Argentina e Reino Unido começaram a negociar a exploração conjunta de petróleo nas Malvinas.

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