São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 1994
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PFL teme que FHC prestigie governadores

EUMANO SILVA; RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A proposta do presidente eleito Fernando Henrique Cardoso de privilegiar o relacionamento com os governadores durante seu governo provocou o início de uma rebelião no PFL.
A interpretação dentro dos pefelistas é que FHC vai tentar instituir uma "política de governadores".
O PFL venceu apenas duas eleições estaduais (Bahia e Maranhão) e teme que, ao fazer essa proposta, FHC queira deixar o partido à margem das decisões de governo.
A força pefelista está no Congresso. A legenda tem a segunda bancada da Câmara e do Senado.
A aproximação com os governos dos Estados fortalece o PMDB, que tem 9 dos 27 novos governadores. Isso aumenta a insatisfação que já existia dentro do PFL com o presidente eleito.
"Não acredito que FHC vá adotar uma nova política de governadores. Hoje governador não tem voto. O presidente vai ter de negociar com o Congresso", afirmou o presidente da Câmara, Inocêncio Oliveira (PFL-PE).
Uma das reclamações dos pefelistas é que o tucano não estaria prestigiando seu vice, senador Marco Maciel (PFL-PE). Um grupo de senadores está articulando um movimento para fortalecê-lo.
A intenção desses parlamentares é unir a bancada em torno de Maciel para aumentar o poder de reivindicação do partido. Eles querem que, mesmo na Vice-Presidência, Maciel funcione como interlocutor de FHC com o Senado.
"Eu sempre fui FHC, mas agora eu sou mais PFL. Para dar um apoio digno ao governo, sem fisiologismo, o partido também tem de ser tratado com dignidade", afirmou o ministro da Indústria e Comércio, Elcio Álvares (PFL-ES).
Outro foco de insatisfação é o PFL de Minas Gerais. O senador eleito Francelino Pereira (PFL-MG) já reclamou para colegas que não gostou do fato de FHC ter apoiado a candidatura de Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo mineiro. O PFL de Minas estava coligado com o PP de Hélio Costa, candidato derrotado.
A demonstração de força do PFL junto a FHC é importante por dois motivos. Primeiro, interessa ao partido mostrar que tem poder político para participar da montagem do novo governo indicando nomes para todos os escalões da máquina administrativa.
Num segundo momento, o PFL vai querer participar do processo decisório do governo.

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