São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 1994 |
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Dirigente chinês chega para 'reforçar parceria'
JAIME SPITZCOVSKY
A visita, que prevê encontros com políticos e empresários, reforça a aliança estratégica entre os maiores países em desenvolvimento do ocidente e do oriente. "Estou convencido de que minha visita vai impulsionar ainda mais as relações sino-brasileiras para um período longo, com importância de séculos", afirmou Qiao Shi à Folha em Pequim, antes de partir para a viagem que inclui Austrália, Nova Zelândia e Argentina. Para se pesar a importância que Pequim atribui às relações com Brasília, não é preciso recorrer ao surrado palavreado oficial da diplomacia. Basta contabilizar as viagens feitas pelos dirigentes comunistas a terras brasileiras. Nos últimos dois anos, dos sete integrantes da Comissão Permanente do Politburo, o órgão máximo de poder do Partido Comunista, Qiao Shi é o quinto a desembarcar no Brasil. Na era pós-Guerra Fria, a competição econômica enterrou o conflito ideológico e acirrou as diferenças entre países ricos e pobres. Em vez do embate Leste-Oeste (capitalismo versus comunismo), brotou o Norte-Sul (desenvolvidos contra subdesenvolvidos). Qiao Shi, considerado um "reformista liberal", desenha a estratégia chinesa: "A boa realização das nossas relações bilaterais promoverá o desenvolvimento da cooperação Sul-Sul". Até hoje, China e Brasil, o principal parceiro de Pequim na América Latina, já firmaram mais de 30 acordos. Desde 1978, a China comunista implementa mudanças econômicas para trazer o capitalismo ao país mais populoso do planeta, mas sem o PC abrir mão do poder. Enquanto os países ricos tentam definir uma estratégia para lidar com o "dragão chinês", Pequim estreita laços com países como Brasil e Índia. Em sua turnê sul-americana, Qiao Shi reservou tempo para uma palestra a empresários na Fiesp e escolheu como tema as reformas chinesas e sua "economia socialista de mercado". Na visita de sete dias, Qiao vai se encontrar com o presidente Itamar Franco, que este ano cancelou sua viagem a China, e com o presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso. A agenda também aponta uma parada que se tornou obrigatória para os dirigentes chineses: a usina hidrelétrica de Itaipu. A China se interessa pela experiência do Brasil na construção de Itaipu pois pretende levantar, até o próximo século, a maior usina hidrelétrica do mundo, no rio Yangtze. Empresas brasileiras, já sediadas em Pequim, se candidatam para abocanhar uma fatia dessa gigantesca empreitada. Texto Anterior: Eleito quer sigilo sobre medidas Próximo Texto: FHC alerta Estados para 'austeridade' Índice |
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