São Paulo, sexta-feira, 18 de novembro de 1994
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FHC alerta Estados para 'austeridade'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em seu primeiro pronunciamento após o segundo turno das eleições, o presidente eleito, Fernando Henrique Cardoso, afirmou que vai cobrar austeridade dos governadores eleitos. "Peço, desde já, a compreensão para as medidas que nós vamos ter de tomar".
Apesar de não adiantar quais serão essas medidas, FHC disse que o próximo governo vai "continuar atento" ao processo de combate à inflação e que o saneamento das finanças públicas é prioritário.
"Tenho convicção de que o sentimento de austeridade não é só do governo federal e será compartilhado pelos Estados", completou o tucano.
A preocupação de FHC está relacionada principalmente aos bancos estaduais que apresentam problemas de caixa e, consequentemente, podem comprometer o Plano Real.
Na avaliação da equipe econômica que assessora FHC, o Banespa (Banco do Estado de São Paulo) é o que está em pior situação, seguido do Banerj (Banco do Estado do Rio de Janeiro).
As duas instituições financeiras pertencem a Estados que serão governados por tucanos a partir de 95.
FHC disse que as medidas serão tomadas em diálogo com os eleitos, mas frisou que "serão tomadas".
O presidente eleito afirmou diversas vezesno discurso, feito ontem na sede do PSDB, em Brasília, que seu futuro governo não será marcado por surpresas.
"Surpresas não resolvem nada", disse o tucano. Segundo ele, as reformas que pretende realizar no Estado serão "um processo" e não um ato tempestuoso. "Reforma não se faz com um ato de império", afirmou.
FHC disse que prefere esperar o discurso de despedida que fará no Senado, possivelmente no início de dezembro, para anunciar, "de forma mais concreta", as "linhas de transformação" que considera necessárias.
Sempre na linha de que as reformas são um processo e de que os problemas serão solucionados "na batalha do dia-a-dia", FHC salientou que seu governo terá quatro anos e não apenas cem dias.
"Nos cem dias, você pode dar sinais, mas os sinais espetaculares só servem para desiludir a população quando eles não são seguidos de uma atitude permanente de transformação", acrescentou o tucano.
No aspecto político, o tucano afirmou que, em um regime democrático, a oposição é necessária e que seu futuro governo não está disposto a cooptar adversários.
Ele declarou que manterá um "diálogo respeitoso" mesmo com os governadores que não são seus aliados e que não haverá retaliações nem ressentimentos.
"As noções presidenciais não são compatíveis com mesquinharia", avaliou.
O presidente eleito aproveitou o pronunciamento para voltar a dizer que a estabilidade será acompanhada de crescimento econômico.
"O Brasil precisa aumentar sua produção, precisa dar condições para que os setores industriais e agrícolas possam realmente investir com tranquilidade", completou.

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