São Paulo, sábado, 19 de novembro de 1994
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Armas do tráfico igualam as do Exército na luta a curta distância

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O armamento "leve" utilizado pelos traficantes cariocas, isto é, fuzis e metralhadoras de mão, os coloca em igualdade de condições aos soldados do Exército em determinadas situações, principalmente no combate a curta distância.
O Exército tem armamento mais pesado, como metralhadoras, canhões e morteiros, bem superior ao arsenal do tráfico, mas isso não quer dizer que possa utilizá-lo à vontade nos morros cariocas, pois haveria o risco de criar muitas vítimas entre a população local.
Não há diferença essencial entre as armas individuais do tráfico e as do Exército. Elas pertencem basicamente à categoria "fuzil automático", isto é, um híbrido surgido na Segunda Guerra entre os tradicionais fuzis e metralhadoras de mão ou submetralhadoras.
Fuzis disparam munição mais poderosa e a um alcance maior, de até um quilômetro. Já as submetralhadoras disparam balas semelhantes às dos revólveres, mas podem fazê-lo em rajadas, a um alcance curto, de dezenas de metros.
Fuzis automáticos modernos combinam o melhor dos dois tipos. São armas como o AR-15 (ou M-16), FAL e AK-47, que podem disparar rajadas em distâncias intermediárias, cerca de 400 metros.
O Armalite AR-15 é um dos preferidos do tráfico. É a arma padrão do Exército dos EUA, conhecido como M-16.
O AR-15 dispara munição mais leve, calibre 5,56 milímetros. Ou seja: tende a ferir mais do que matar. Os americanos concluíram que é melhor ferir um inimigo que matá-lo, pois assim ele fica fora de combate e leva junto dois outros soldados, necessários para transportar a maca do ferido.
Já o fuzil padrão do Exército Brasileiro, o FAL (Fuzil Automático Leve), utiliza a munição mais pesada, calibre 7,62 milímetros.
O FAL, de projeto belga e usado por muitos países, tende a matar mais que ferir. Tanto britânicos como argentinos usaram versões do FAL na Guerra das Malvinas.
O Exército também tem uma versão do FAL, o FAP (Fuzil Automático Pesado), capaz de funcionar como uma metralhadora leve.
Outro fuzil que aparentemente está sendo encontrado entre os traficantes é o mais popular deles: o ex-soviético AK-47, arma padrão do extinto Pacto de Varsóvia, a velha aliança militar comunista.
Preferido de nove entre dez guerrilheiros em todo o mundo, o AK-47 é um pouco mais leve que as armas ocidentais e extremamente robusto. Também dispara munição calibre 7,62 milímetros. Produzido aos milhões, o AK-47 é fácil de achar.
Metralhadoras de mão, apesar de terem saído de moda entre os Exércitos, ainda são úteis para trabalho policial pelo seu grande poder de impacto a curta distância.
As polícias militares empregam armas como essas. Os traficantes costumam ter uma submetralhadora excelente, a israelense Uzi.

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