São Paulo, sábado, 19 de novembro de 1994
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Militares fazem blitz em estrada com tanques

ST
DA SUCURSAL DO RIO

Equipados até com dois tanques de guerra, tropas militares interditaram à tarde a rodovia Washington Luiz (Rio-Petrópolis). A ação revoltou passageiros, humilhados com a revista minuciosa praticada por militares.
A maioria dos revistados estava em ônibus que passavam pela blitz, instalada no antigo pedágio da estrada.
Sob a mira de fuzis, metralhadoras e pistolas, os passageiros eram forçados a descer da condução. Do lado de fora, recebiam ordem para encostar na lateral do ônibus, com as mãos para cima e de pernas abertas.
Nesta posição, os suspeitos tinham pernas, cinturas, braços e genitálias revistados pelos soldados. Após o exame, ouviam um lacônico pedido de desculpas e eram autorizados a voltar ao ônibus.
O aposentado João da Silca Clem, 42, foi detido como suspeito. Com ele, soldados acharam seis relógios vendidos por camelôs. "Comprei para as crianças. Não sou bandido", tentou explicar Clem, que só foi liberado 30 minutos depois pelo coronel Rebelo (se recusou a dar o nome), comandante do Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado do Exército, responsável pela blitz.
Rebelo chefiou 60 homens na Rio-Petrópolis. Quando os passageiros eram retirados dos ônibus, ele avisava: "Quem tem arma se acusa logo que é para a gente não perder tempo".
Até as 17h o Exército havia apreendido uma escopeta calibre 12 e dois revólveres (calibres 32 e 38). Os três homens que portavam as armas –um deles em ônibus e os outros dois num Opala– foram detidos para averiguações.
O Exército realizou fiscalizações como a da Rio-Petrópolis nas rodovias Rio-Santos (altura do município de Itaguaí), via Dutra (em Resende), no pedágio desativado da Rio-Teresópolis, na Rio-Bahia (em Campos) e na estrada que liga Niterói à região dos lagos, na altura do município de Araruama.

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