São Paulo, sábado, 19 de novembro de 1994
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O Santos deve satisfação à sociedade

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, de que adianta tanto se falar sobre a violência das torcidas nos estádios se o técnico do Santos agride um jornalista em pleno exercício da profissão?

Qual o exemplo para os seus jogadores? Para a sua torcida? Para a sociedade brasileira? Para os jovens que despertaram novamente para o futebol?

Não se trata de reação corporativa. É preciso acabar também com a agressão de jogador contra jogador, de torcida contra torcida, de dirigente contra juiz etc.

A diretoria do Santos deve à sociedade brasileira uma punição para o Serginho.
A mudança profunda –moral, administrativa e esportiva– do futebol tem que começar nos próprios clubes, que não podem ser coniventes com esta degradação tamanha.

Na hora em que a força bruta calar o jornalismo, não restará mais nada ao futebol brasileiro.

No ano do Tetra, no ano em que aparecem tantos bons novos jogadores, o futebol brasileiro mostra a sua outra (e, infelizmente, verdadeira) cara:
As torcidas se destroém mutuamente e acabam com o espetáculo. O futebol é um esporte que depende da presença da torcida. Sem torcida o futebol não é nada;
Jogadores talentosos, com altos salários, pertencentes aos clubes de elite do futebol, brigam dentro de campo;
A sequência de jogos, que nunca foi o nosso forte, chegou ao limite da insanidade de um time fazer duas partidas diferentes na mesma noite;
Agora, o técnico de um dos clubes mais importantes do país agride, sem nenhum motivo, um jornalista;
O ruim está ficando pior...

O São Paulo inaugurou uma nova era para o futebol: a do videoteipe ao vivo.

Enquanto os "grandes" se metem a acumular prejuízos disputando torneio em cima de torneio, os "underdogs", correndo por fora, poderão dar muito trabalho na próxima fase do Brasileiro.
Já classificado, o Guarani apenas administrará hoje, em casa, suas energias contra o São Paulo.

Entra ano sai ano, entra Copa sai Copa, Arrigo Sacchi e a seleção italiana não formam um casamento sólido. Perder, em casa, para a Croácia (olhaí a Nova Ordem Mundial do Fut) é demais paras a Itália.

Enquanto isto, Daniel Passarela começou bem a sua lua-de-mel com a seleção argentina. 3 a 0 no Chile, na casa do adversário. É mole?

Muda Brasil, muda futebol brasileiro. Toda jogada bonita merece um gol.

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