São Paulo, sábado, 19 de novembro de 1994
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...E o alemão levou

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

O título é do alemão. Por vias tortas, conquistou o campeonato que, sem Senna, deveria ser mesmo seu. Para manter a lógica de uma temporada ilógica, fez o que fez para garantir o resultado.
Schumacher confirmou, porém, que grande parte de sua perfeição está alicerçada na arrogância e na falta de rivais à altura.
Pressionado em Adelaide, cometeu vários erros, perdeu a pole para Mansell e deu o título de graça para Hill, que não teve presença de espírito para aproveitar.
Se o inglês não fosse tão xarope, Schumacher estaria sendo execrado neste momento. Mas, como isso não aconteceu, o alemão entra para história como campeão mundial e vai faturar horrores.
E, por isso mesmo, este repórter é um dos que ainda acreditam que Schumacher não corre pela Benetton no próximo ano.
McLaren e Mercedes farão de tudo para ter o detentor do título sentado em um de seus carros. E basta analisar a negociação entre Ron Dennis e o poderoso grupo da estrela para notar que "tudo", neste caso, é eufemismo.
Para muitos, Schumacher seria louco ao recusar o pacote Benetton-Renault. A equipe tem um dos melhores corpos técnicos da F-1 e a fornecedora, o propulsor mais competitivo.
Alguns fatores, porém, reforçam a tese contrária. Para se livrar de severas punições, em setembro, a Benetton negociou com a FIA o desmantelamento de seu corpo técnico.
Tom Walkishaw e Juan Villadelprat, duas das cabeças mais pensantes do time, estariam assumindo a Ligier em 1995. Para completar, a Renault terá, como todos, o desafio de produzir um motor 3 litros.
Em outras palavras, a Benetton não teria como garantir o mesmo desempenho a Schumacher. Com certeza, esta é a grande preocupação do piloto.
As regras para o campeonato de 1995 ainda estão nebulosas e pilotos promissores como Barrichello e Frentzen terão mais equipamento. De algum conjunto desses, pode sair um rival de verdade.
PS: este repórter se sente uma pulga perto do colunista Alberto Helena Jr. Mas como ele invadiu a praia...
Uma consideração: a F-1 realmente não viveu a melhor de suas temporadas, está cheia de politicagens etc. Mas julgá-la por isso é o mesmo que achincalhar o futebol pela violência nas arquibancadas ou pelos absurdos do regulamento do Brasileiro.

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