São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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70 mil moram na Mangueira

DANIELA RIBEIRO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Erramos: 07/12/94

O morro da Mangueira tem atualmente 70 mil moradores, segundo dados do último recenseamento promovido pela associação de moradores. A comunidade é dividida em três morros principais: Tuiuti, Mangueira e Telégrafo.
Segundo o delegado Nilton Pereira, titular da delegacia de São Cristóvão (zona norte), o tráfico na Mangueira é controlado por um grupo de 200 homens. Eles seriam ligados à facção criminosa Comando Vermelho.
Segundo o delegado, o grupo possui um lança rojões M-16, fuzis -AR15 e 765 (Fuzil Automático Leve, ou FAL, privativo das Forças Armadas).
A Mangueira ficou internacionalmente conhecida por sua escola de samba Estação Primeira de Mangueira, fundada em 1928 e que já ganhou 18 vezes o campeonato de desfiles do Carnaval.
Cerca de 3.000 pessoas vão todos os finais de semana assistir aos ensaios da escola na quadra, na região conhecida como Buraco Quente.
Nesta área, no ano passado, uma disputa entre os traficantes Polegar e Marcelo Xará deixou oito mortos na favela.
O morro do Dendê faz parte de um complexo de cerca de dez favelas na Ilha do Governador. Segundo dados do governo estadual, de 93, aproximadamente 37 mil pessoas moram no complexo, que é conhecido como porta de entrada de armas nordestinas pela proximidade com a Baía de Guanabara.
O movimento do tráfico de drogas é bastante ativo, administrado atualmente pelo traficante Miltinho, também do Comando Vermelho.
Na Ilha do Governador, além do Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, estão situados vários quartéis da Aeronáutica e da Marinha. Lá moram os militares da força aérea. É também na ilha que fica o complexo do Instituto Padre Severino, reformatório para menores infratores, onde ocorreram diversas fugas no último mês.
Moradores
O presidente da associação de moradores da Mangueira, Enílton Ribeiro Barbosa, 50, decidiu ontem fechar a sede da associação, até que a situação volte ao normal no morro.
Ele foi revistado na favela. "É ordem do governo, mas eles estão sabendo respeitar".
Na casa de dona Neuma, filha de um dos fundadores da escola de samba da Mangueira, ninguém saiu de casa até o meio-dia. Dona Neuma estava dormindo, mas uma das netas, que pediu para não ter seu nome publicado, disse que os soldados foram educados com as pessoas que saíram à rua.

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