São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Militares e polícia ocupam Mangueira e Dendê

RONALDO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO*

Cerca de mil homens do Exército, da Marinha e das polícias Militar e Federal ocuparam ontem, por volta das 4h, as favelas da Mangueira e do morro do Dendê, na zona norte do Rio.
Houve disparos de tiros no início da ocupação da Mangueira e pelo menos um morador foi baleado e um soldado se feriu ao cair de um jipe, informações não confirmadas pelo Comando Militar do Leste até as 11h.
Além das ações nas favelas, soldados do Exército e homens da PF fizeram vistorias em carros na estrada Rio/Teresópolis, pela manhã.
As duas ocupações, feitas sob chuva intensa, foram deflagradas nove horas depois que o Exército encerrou operações semelhantes realizadas em cinco outras favelas da cidade: Dona Marta, Chapéu Mangueira e Pavão/Pavãozinho, na zona sul; Turano e Andaraí, na zona norte.
As ações de sexta e de ontem fazem parte das operações iniciadas a partir da assinatura de um convênio no dia 31 de outubro, entre os governos estadual e federal, para o combate ao tráfico de drogas e de armas no Rio.
Na Mangueira, três tanques de guerra ficaram posicionados nas principais vias de acesso ao morro. Os canhões dos tanques estavam apontados na direção da favela.
Pelo menos 40 suspeitos, que estavam sem documentos de identificação, foram detidos. Quinze foram encaminhados para uma unidade do Exército em São Cristóvão, na zona norte.
Outros 25 ficaram detidos numa rua interna da favela e foram liberados à medida em que parentes traziam documentos. Por volta das 11h, só três homens continuavam detidos na rua.
Os soldados do Exército estabeleceram o controle das principais vias de acesso ao morro, enquanto policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque da PM vasculharam as vielas do morro.
Após a vistoria da PM, os soldados do Exército subiram o morro, estabelecendo pontos de controle. Moradores informaram que soldados do Exército pediram permissão para entrar em suas casas e revistar armários e outros móveis.
O tenente Paulo Cunha, que chefiou as equipes da PM, informou que foram apreendidos 87 papelotes de cocaína e cerca de três quilos de maconha. Além da droga, várias armas teriam sido retiradas das casas na favela, inclusive um fuzil automático leve (FAL).
Por volta das 7h, o tenente disse que a operação de ocupação do morro estava concluída.
Militares do Exército, que não quiseram se identificar, disseram que a ocupação deveria durar 48 horas. O major Francisco Paiva, do Comando Militar do Leste, disse que a operação visou "realizar trabalho de liberação da área do domínio do tráfico e permitir a presença do Estado para ações sociais"(leia texto abaixo).
*Colaborou Ronaldo Soares, free-lance para a Folha

Texto Anterior: Pedro Collor sofre biopsia no cérebro
Próximo Texto: 70 mil moram na Mangueira
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.