São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Ação militar obedece a plano inicial

FERNANDO RODRIGUES
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

A ação do Exército em áreas de favela no Rio obedece milimetricamente ao que os militares haviam planejado para cidade.
Os militares assumiram o comando da operação depois que os governos federal e carioca assinaram um convênio de cooperação, em 31 de outubro.
Com base em exercícios e ações secretas anteriores, os militares decidiram que o combate ao tráfico de drogas e ao contrabando e posse ilegal de armas na cidade deveria consistir das seguintes fases:
1) Ação psicológica – policiamento ostensivo de toda a cidade, com o máximo de demonstração de força por parte das forças que compõem a Operação Rio;
2) Controle das vias de acesso no Estado – montagem do que os militares chamam de Pontos de Controle de Trânsito (PCTrans), para pedestres e veículos. Isso pode ser tanto em estradas e aeroportos como em favelas. Nessa fase, o Exército deixa claro que não quer bloquear totalmente os acessos, mas apenas inibir o tráfego de pessoas ligadas ao crime. Ontem e anteontem, por exemplo, havia pontos de escape em todas as favelas onde houve investidas;
3) Investidas – batidas incertas em locais considerados pontos de venda de drogas ou de concentração de traficantes. Por exemplo, a subida de morros se encaixa nessa fase da operação;
4) Cerco – isolamento total de áreas de favela onde os militares identifiquem concentração de quadrilhas de traficantes. Isso ainda não foi feito. Na operação de cerco, diferentemente do que está acontecendo no momento, o controle das entradas e saídas das favelas será total;
5) Ocupação e pacificação – tomada do comando de determinadas áreas de favelas, com a expulsão total dos traficantes. Durante a fase de ocupação, os militares admitem dar início ao que chamam de trabalho "cívico-social". Mas dizem não querer ficar indefinidamente nessa função.
6) Entrega das áreas pacificadas para o Estado – depois de cercar, ocupar e pacificar, os militares saem das áreas de favela. O convênio entre os governos federal e estadual prevê que o Exército termine o seu trabalho até o dia 30 de dezembro, penúltimo dia do governo do presidente Itamar Franco.
Várias fases da Operação Rio podem ocorrer de forma simultânea. A ação psicológica deve ser realizada desde o início até o final da operação. Ela tem o objetivo de inibir os consumidores e vendedores de drogas. Por causa da presença ostensiva de policiamento, os militares acreditam que já teria havido um decréscimo do consumo de drogas.

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