São Paulo, domingo, 20 de novembro de 1994
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Cresce o número de casamentos em SP

ALESSANDRA BLANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Após nove anos de decadência o casamento tradicional está voltando à moda. Pesquisa realizada pelo Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados) indica que o número de casamentos registrados em cartórios no Estado de São Paulo voltou a crescer em 1993, após nove anos de queda.
O aumento –de 5,7 para 5,8 casamentos a cada mil habitantes– é significativo, segundo a pesquisadora Rosa Maria Vieira de Freitas.
A taxa de casamentos a cada mil habitantes vinha caindo entre 0,1 e 0,5 pontos por ano. Em 93, deixou de cair e ainda ganhou 0,1 ponto.
A pesquisa foi finalizada em outubro e deve ser publicada pelo Seade em dezembro.
Ainda não há dados sobre 1994. Segundo a pesquisadora, a tendência é que esse número continue aumentando nos próximos anos ou, pelo menos, se estabilize.
Pesquisa feita pela Cúria Metropolitana de São Paulo em 99 igrejas da capital constatou que 46 tiveram aumento do número de casamentos em 93.
Nas igrejas mais procuradas, como a Nossa Senhora do Brasil, Nossa Senhora de Fátima e São Judas Tadeu, a quantidade de casamentos por mês foi limitada pelos párocos responsáveis para evitar "cerimônias apressadas".
"A procura aumentou, mas agora o número de casamentos é fixo. A diferença é que tenho que dizer 'não' a mais casais", disse o frei Ivo Terral, da igreja Nossa Senhora de Fátima. A limitação do número de casamentos aumentou o tempo de espera nessas igrejas. O prazo mínimo é de nove meses a um ano.
Segundo a publicitária Ana Elisa Pereira do Vale, que vai casar em setembro de 95, a igreja São José tem espera de dois anos.
Essa súbita procura de casais por cartórios e igrejas pode ter algumas explicações, segundo Rosa: o clima de otimismo provocado pelo Plano Real e até uma retomada dos valores tradicionais.
"Precisamos esperar mais algum tempo para afirmar qualquer coisa e saber se realmente há uma busca de valores, mas essa é uma hipótese", disse Rosa.
A consultora do Seade, Felícia Madeira, não acredita na busca de tradição. "Não sabemos qual é o perfil dos novos casais. Pode ser até que já moravam juntos e agora tiveram dinheiro para casar."

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